A senadora Simone Tebet (MDB) conseguiu dar a volta por cima no ano de 2022, ao sair de uma derrota praticamente certa na disputa da reeleição para o Senado para ministra do Planejamento do Governo Lula. Mesmo não contando com os bancos públicos e compartilhando o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), a emedebista será a segunda na equipe econômica.
Simone atingiu o topo da carreira ao ser eleita senadora nas eleições de 2014, quando o então governador André Puccinelli (MDB) abriu mão da vaga para lhe dar o seu apoio. Ela vinha acumulando sucessivas vitórias após ser eleita deputada estadual, prefeita de Três Lagoas por dois mandatos e vice-governadora no primeiro mandato do emedebista.
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No Senado, a senadora comprou briga com um dos maiores caciques do MDB, o alagoano Renan Calheiros. Ele a venceu na disputa interna no MDB, mas Simone acabou traindo o partido e apoiando a candidatura de David Alcolumbre, então no Democratas.
Em troca do apoio, Simone se tornou a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça do Senado. No início do mandato de Jair Bolsonaro (PL), ela chegou a dar entrevistas sinalizando que o atual presidente poderia fazer um bom governo.
Na esperança de repetir a trajetória do pai, Ramez Tebet (MDB), que foi presidente do Senado, Simone se candidatou a presidência da Casa, mas sem o apoio oficial do MDB. Como candidata avulsa, ela acabou obtendo 21 votos e foi derrotada pelo atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD), que teve o apoio de Bolsonaro e recebeu 57 votos.
A derrota levou Simone para a oposição ao atual Governo. Ela acabou se destacando na CPI da Covid, mesmo não sendo integrante oficial da comissão. A senadora participou das reuniões como líder da bancada feminina no Senado, uma espécie de jeitinho brasileiro para driblar o veto dos governistas e oposicionistas para integrar a investigação da pandemia.
Na CPI, Simone acabou ganhando os holofotes ao arrancar o nome do líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros, do Paraná, como um dos interessantes na compra superfaturada da vacina da covid-19. Simone também desmascarou documentos apresentados pelo Governo.
O destaque a transformou em um dos nomes para disputar a presidência da República pela terceira via, bloco formado pelo PSDB, Cidadania, MDB, Podemos e União Brasil. Os cotados para ser opção a Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram saindo da disputa, como o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o ex-juiz Sergio Moro, o ex-governador de São Paulo, João Doria, e o deputado federal Luciano Bivar.
Simone foi pressionada a desistir da disputa para apoiar Lula no primeiro turno, mas resistiu à pressão e às traições no MDB. Mesmo sem o apoio da maior parte do partido, ela manteve a candidatura e chegou ao 3º lugar, com 4,9 milhões de votos, batendo o eterno presidenciável, Ciro Gomes (PDT).
No segundo turno, novamente, a senadora contrariou os conselhos e anunciou apoio oficial a Lula. Aliás, Simone também se engajou na campanha do petista, participando de comícios, do horário eleitoral e mantendo as críticas a Bolsonaro.
Lula reconheceu o empenho da senadora e sinalizou, desde o início, que seria contemplada com um ministério. Simone desejava comandar o Desenvolvimento Social, que ficaria encarregado pelo Bolsa Família, um canhão de votos na classe D e E para quem deseja chegar ao comando do País.
Ela também não conseguiu o Ministério do Meio Ambiente ou das Cidades. O primeiro ficou com Marina Silva (Rede), enquanto o segundo, com Jader Filho (MDB). A Simone, coube o Ministério do Planejamento, mas sem o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
O PPI, uma das exigências de Simone, será incluído na pasta, mas a gestão será compartilhada pela Casa Civil. Mesmo com o ministério desidratado, Simone chega ao primeiro escalão do Governo Federal como a número dois na economia.
A senadora tem a chance de se capitalizar visando 2026 e reduzir o ódio, principalmente, dos bolsonaristas. Em entrevista ao Fantástico, Simone admitiu que o ódio é maior em Mato Grosso do Sul, sua terra natal, o que levou a especulações de que estaria pensando em transferir o domicílio eleitoral para São Paulo.
Simone pode até mudar de estado, mas tem uma nova chance de reescrever sua história e reconquistar os eleitores como ministra do Planejamento. Na política, um dia é uma eternidade em termos de mudança, imagine quatro anos.