Albertino Ribeiro
Neste fim de ano, os argentinos vivem uma mescla de sentimentos. Por um lado, estão orgulhosos pela conquista da Copa do Mundo, um presente natalino dado pelo Papai Noel Messi e seus companheiros. Aliás, foi um grande presente depois de 36 anos na fila de espera.
Por seu turno, quando o assunto é economia, o país não tem muito o que comemorar, pois a inflação de 92% ao ano ofusca a alegria futebolística, tornando o Natal mais triste e pobre. Um adversário que o time de Lionel Scaloni não tem condições de superar. Vencer a inflação não é tarefa simples; depende de esforço coletivo bem maior que um plantel de 26 jogadores.
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A inflação tem penalizado, principalmente, as famílias mais pobres, obrigando-as a diminuir a ingestão de alimentos e o consumo de bens e serviços em geral. Segundo números oficiais, quase metade da população argentina passa forme hoje.
A única forma da Argentina vencer a inflação e salvar a moeda nacional seria o aumento das reservas estrangeiras. É ponto pacífico entre os especialistas que a principal causa da inflação argentina é a chamada restrição externa, ou seja, a falta de dólares.
Em um mundo globalizado, um país precisa contar com reservas cambiais, pois estas agem como uma muralha, que defende a moeda local. Quando estas reservas são insuficientes, vale a lei da oferta e procura, que também é aplicável ao dinheiro: menos oferta de dólares, mais caro a moeda estrangeira fica.
Com o dólar mais caro, muitos produtos importantes para os campeões mundiais, como alimentos e combustíveis, por exemplo, sobem de preço e pressionam a inflação, pois a cotação da maioria deles é em dólar.
Durante as eleições brasileiras, muitas pessoas, por desinformação, achavam que o Brasil corria o risco de virar uma Argentina. O argumento era simplório e sem condições de abarcar a complexidade de uma economia como a brasileira, pois diziam que um governo de esquerda, semelhante ao argentino, seria o suficiente para reproduzir o mesmo resultado. Ledo engano.
Sabemos que uma restrição externa está muito longe de acontecer. Enquanto nossos vizinhos possuem apenas 37 bilhões de dólares de reservas, o Brasil conta com 326 bilhões, ou seja, quase dez vezes mais. Com esse banco de reservas, o Brasil está praticamente imune a qualquer ataque especulativo e a crises internacionais.
Terminando, além de desejar um Feliz Natal para os irmãos brasileiros, quero desejar aos argentinos um natal cheio de esperanças; que os nossos adversários do campo de futebol, mas irmãos dessa grande família sul-americana, consigam vencer esse duro e difícil adversário, para que sua felicidade seja ainda maior e não dependa apenas de eventos esportivos.