Albertino Ribeiro
Chegou o grande dia. A finalíssima da Copa do Mundo, hoje ao meio-dia deste domingo (18), dará ao mundo um tricampeão mundial. Argentina de Messi ou a França de Mbappé? Apenas uma delas se tonará campeã pela terceira vez.
Em uma disputa de Copa do Mundo, o céu de uma seleção significa o inferno de outra, pois não existe uma relação “Ganha – ganha”, mas a triste realidade ganha ou perde. Puxa, acabei lembrando de uma fala da querida presidente Dilma, mas acho melhor ficar quieto. Então prossigamos!
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Por seu turno, num acordo comercial entre países ou blocos econômicos, embora possa dar zebra, existe a possibilidade de todos ganharem, se o acordo for justo e simétrico para as partes. Entretanto, o acordo Mercosul-União Europeia ainda está longe de um ponto de equilíbrio, que permita uma relação “Ganha-ganha”.
Dentro do bloco europeu, a França é o país que mais se opõe ao acordo comercial. Sua resistência, por incrível que pareça, colocou do mesmo lado o presidente Emmanuel Macron e a candidata derrotada na última eleição Marine Le Pen. O primeiro é contra o acordo – pelo menos faz-se acreditar – por questões ambientais, pois os países sul americanos, principalmente o Brasil, não estariam cumprindo metas de redução na emissão de carbono.
Por seu turno, a candidata de extrema direita preocupa-se com o que chamou de concorrência desleal, que o agronegócio francês sofreria com o acordo. Aliás, a França é a maior potência agrícola da União Europeia, respondendo por 25% da produção total do bloco.
Preocupados com o poderoso ataque vindo dos trópicos, os produtores franceses também são contra o acordo, pois, segundo eles, os produtos agrícolas argentinos e brasileiros possuem maior escala de produção, além de não serem submetidos às mesmas regras rígidas impostas pela comunidade europeia. Assinar o tratado seria para eles uma tática temerária, que resultaria na falência de vários produtores, gerando desemprego e perda de renda.
Por sua vez, a Argentina, que possui vantagens comparativas na produção de carnes, soja e milho em relação aos franceses, terá acesso a um grande mercado, que poderá trazer mais divisas para a economia argentina, mitigando sua maior debilidade: a insuficiência em seu banco de reservas cambiais. Estima-se que os dois blocos juntos tenham um mercado (um público pagante) de 780 milhões de pessoas.
Podemos perceber que a França quer jogar na defesa e manter o protecionismo ao seu agronegócio, mas esquece que o setor industrial terá grandes vantagem sobre os concorrentes argentinos, pois, além de ter uma maior escala produtiva, possui também superioridade tecnológica, que promove redução de custos e propicia maior qualidade técnica no jogo do comércio mundial.
Exatamente por isso, a Argentina deve abrir demais sua defesa porque poderá deixar sua indústria muito vulnerável. Esta poderá desaparecer, dada a velocidade que o ataque francês irá imprimir ao ritmo da concorrência. Dessa forma, se não tomar os devidos cuidados, as manufaturas dos torcedores de Messi e Maradona não terão condições de impedir o que poderá ser um verdadeiro “chocolate.”