O mensalinho pago a 11 dos 13 vereadores de Maracaju variava, em média, entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês, conforme investigação conduzida pelo DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado). O valor representava acréscimo de 66% a 133% no subsídio mensal dos parlamentares, que era de R$ 7.502,26.
Oito dos 11 acusados de receber propina foram reeleitos e acabaram sendo afastados do cargo na última quarta-feira (7) na Operação Mensalinho, denominação da 3ª fase da Dark Money, deflagrada para cumprir 22 mandados de busca e apreensão.
Veja mais:
Dois vereadores de Maracaju são presos por porte de arma e um tem R$ 1 milhão em cheques
Acusado de receber propina, presidente e 1º secretário da Câmara também foram afastados
Ex-prefeito usou R$ 1,3 mi desviados para pagar propina a 11 dos 13 vereadores de Maracaju
O então prefeito, Maurílio Ferreira Azambuja, o Dr. Maurílio (MDB), usou parte dos R$ 23 milhões desviados por meio de uma conta clandestina para pagar o mensalinho e obter apoio da maioria dos vereadores.
O pagamento foi feito aos vereadores Ludimar Portela, o Nego do Povo (MDB), Robert Ziemann (PSDB), Joãozinho Rocha (MDB), Ilson Portela, o Catito (PSDB), Jeferson Lopes (Patri), Laudo Sorrilha (PSDB), Hélio Albarello (MDB), Antônio João Marçal de Souza, o Nenê da Vista Alegre (MDB), Professor Dadá (Patri), Tonton Pradence (União Brasil) e Vergílio da Banca (MDB). Os três últimos não foram reeleitos.
Conforme a nota do DRACCO, Albarello, que foi presidente por quatro anos na legislatura anterior, e Laudo Sorrilha, primeiro-secretário, recebiam valores maiores porque tinham cargo estratégico na Mesa Diretora. O emedebista teria viajado com a esposa para as Ilhas Maldivas, destino paradisíaco, e para Dubai, segundo o Campo Grande News.
Cada vereador tinha direito ao subsídio mensal de R$ 7.502,26. No caso, o mensalinho de R$ 5 mil representava ganho extra de 66% do valor do salário. O agraciado com R$ 10 mil chegava a mais que o dobrar a renda mensal.
No total, a Polícia Civil identificou o pagamento de R$ 1,374 milhão em propina aos 11 vereadores ao longo de dois anos. Eles foram afastados do cargo por 30 dias pelo juiz Raul Ignatius Nogueira, da 2ª Vara Criminal de Maracaju.
Como o valor do subsídio foi mantido para esta legislatura, no início do ano, os vereadores aprovaram mudança na lei para passar a receber o 13º salário. O abono natalino é considerado inconstitucional, conforme decisão do Tribunal de Justiça que mandou suspender o pagamento em Dourados.
O pagamento foi sancionado no dia 5 de janeiro deste ano pelo prefeito Marcos Calderan (PSDB), sucessor de Dr. Maurílio, e três meses após a deflagração da primeira fase da Operação Dark Money, que prendeu o emedebista.