Sem a mandato a partir de 2023, a senadora Simone Tebet (MDB) foi abandonada pelo próprio partido. Caciques emedebistas não querem incluir o nome da sul-mato-grossense na cota do partido no primeiro escalão do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os deputados do MDB querem um ministério, enquanto os senadores exigem outro.
O MDB ignora o desempenho de Simone nas eleições deste ano. Ela obteve 4,9 milhões de votos e ficou em 3º lugar na disputa, conquistando um desempenho surpreendente e inédito para o partido no País.
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O senador Renan Calheiros (MDB), de Alagoas, e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), exigem ter influência ou indicar o futuro ministro porque apoiaram o petista desde o primeiro turno. Simone engajou-se na campanha de Lula e teve papel apontado como decisivo no segundo turno.
Renan e o senador Eduardo Braga, do Amazonas, disputam para indicar o ministro pela ala do Senado. Braga deseja controlar novamente Minas e Energia e Renan, garantir o senador eleito Renan Filho (AL) em um ministério, sem indicar preferência por qual.
Lula planeja nomear Simone para o Ministério do Desenvolvimento Social, apesar dos protestos do PT. No entanto, o presidente eleito quer inclui-la na cota do partido. Os emedebistas não querem que a nomeação de Simone seja contabilizada como do partido. A estratégia é garantir três ministérios.
Já os deputados federais vão definir nesta semana o nome a ser apresentado a Lula. A família Barbalho, por sua vez, também quer influenciar na escolha de nomes para o governo. O governador do Pará, Helder Barbalho, e seu pai, o senador Jader, pretendem indicar um afilhado político para o Ministério do Desenvolvimento Regional. O próprio Helder foi ministro de Integração Nacional no governo de Michel Temer, de 2016 a 2018.
Depois que o Pará conseguiu eleger nove deputados, a maior bancada do partido na Câmara, Helder e Jader se fortaleceram para a escolha do ministro. Um nome de confiança da família, que pode ser apresentado a Lula para compor a equipe, é o do deputado José Priante (PA).
Foi o governador do Pará, que esteve junto com Lula na COP-27, quem organizou a reunião dos emedebistas com o presidente eleito, na semana passada, em Brasília.
Há mais alas do MDB na Câmara, no entanto, que querem a prerrogativa de indicar um ministro. O ex-presidente do Senado e deputado eleito Eunício Oliveira (CE), que já foi titular das Comunicações no governo Lula, está nessa lista, segundo o Estadão.
Mas outros fatores pesam: se Renan Calheiros fizer um acordo para que Renan Filho não entre agora no primeiro escalão, mas tenha o apoio do Planalto para disputar o comando do Senado, em 2025, o também alagoano Isnaldo Bulhões pode ser o nome sugerido pela bancada na Câmara.
Na semana passada, durante a entrevista coletiva do grupo de transição da área social, Simone afirmou que está para ajudar o novo Governo e não está pensando em cargos.