Albertino Ribeiro
A esperada Copa do Mundo de 2022, no Catar, finalmente chegou. Países de vários continentes disputam o torneio de futebol mais famoso e importante do mundo. Uns vieram como franco favoritos, outros vieram para tentar chegar, quem sabe, até as oitavas de final.
Hoje vamos falar sobre a Coreia do Sul, cujo nome significa dança. Talvez seja por isso que o K-POP tornou-se um fenômeno mundial, pois os garotos e garotas dançam muito bem. Não podemos dizer o mesmo da cintura engessada dos jogadores da Coreia, certo?
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Eça de Queiroz, escritor e diplomata português do século XIX, chamava esse belo país oriental de reino da serenidade matutina. A serenidade matutina coreana combina com o confucionismo, formação filosófica e religiosa da península.
A bandeira coreana é um reflexo de sua cultura, pois traduz harmonia e união entre os opostos. O círculo central, azul e vermelho não é um meio de campo, mas faz alusão aos opostos complementares, o Yin e o Yang, dando uma ideia de equilíbrio em tudo que o país realiza.
Por seu turno, o conjunto de pequenas linhas que estão ao redor do círculo representam respectivamente, terra e céu, água e fogo; reforçando ainda mais a ideia de harmonia entre os opostos.
Os coreanos estão no grupo H da Copa, que reúne também as seleções de Portugal, Gana e o nosso vizinho Uruguai. Inclusive, o time azul celeste foi o primeiro adversário do tigre asiático nesta copa; e os dois ficaram no zero a zero.
Contudo, quando assunto é a economia, a Coréia do Sul não fica no zero a zero. Seus indicadores socioeconômicos estão no alto da tabela de qualquer comparação mundial. Seu PIB per capita é de 34.758 USD, o dobro do Uruguai (17.021 USD); sua taxa de desemprego é uma das menores do mundo (2,8%), bem menor que a do Brasil (8,9%).
Como se não bastasse, a península é campeã mundial quando o assunto é a utilização de robôs. O pequeno país possui a maior taxa de robôs na economia; são 932 unidades por 10.000 trabalhadores, quase o triplo da Alemanha, que é de 371 por 10.000. São verdadeiros craques!
Nem sempre foi assim, a Coreia na década de 60 era um país pobre e de economia agrícola; estava fadada a ser, apenas, um país exportador de commodities. Contudo, o tigre asiático reagiu e não aceitou o seu destino; resolvendo desafiar suas adversidades.
O jogo não foi fácil. O primeiro passo foi obter empréstimo do Banco Mundial para a construção, na década de 1970, da usina siderúrgica Posco, que hoje está entre as seis maiores do mundo.
Os técnicos do Banco Mundial, que gostavam de jogar na defesa, em um primeiro momento, rejeitaram o pedido. Segundo eles, a Coreia não possuía nem minério de ferro em sua pequena área. Sendo assim, por que construir uma siderúrgica? Para eles, melhor seria dedicar-se apenas à produção de arroz e outros produtos simples; atividades em que possuía vantagem em relação a outros países.
No entanto, sem abandonar sua vocação agrícola, a Coréia do Sul, utilizando uma estratégia inteligente de política econômica, construiu sua indústria de base que serviu como “ponta pé inicial” para que hoje possam fabricar automóveis e aparelhos eletrônicos de alta complexidade.
Talvez você esteja lendo este artigo na tela de um Samsung ou acalente o sonho de comprar um Hyundai; todos estes são produtos de alta qualidade que mostram, de forma inequívoca, que um país deve jogar de forma ousada para conseguir brilhar entre os melhores da economia mundial.
“Um dragão surge de um pequeno riacho” – ditado coreano.