A senadora Simone Tebet (MDB) ganhou 10 minutos de reportagem positiva e elogiosa no programa Fantástico, da TV Globo, uma espécie de campanha eleitoral antecipada. Durante a entrevista, a emedebista admitiu que participou da disputa deste ano pensando em 2026. Ela também defendeu a eleição de uma mulher para presidente daqui quatro anos.
Em terceiro lugar nas eleições deste ano, com 4,9 milhões de votos no primeiro turno e considerada uma das peças fundamentais no apoio ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo, Simone ganhou um perfil elogioso e positivo no principal programa global.
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Simone se apresentou como principal nome do centro democrático, como passou a definir a terceira via, e se firmou como a protagonista do grupo formado pelo MDB, PSDB, Podemos e Cidadania.
“O centro democrático estava destruído, então a minha candidatura foi para abrir caminhos pensando daqui a 4 anos. Era uma candidatura mais política do que eleitoral”, afirmou. É a primeira vez que a presidenciável admite ter participado da disputa para ganhar projeção nacional para voltar ao pleito daqui quatro anos.
“Acho que essa frente precisa ser ampliada para que em 2026, seja quem for o próximo presidente da República, seja um presidente democrata”, falou. “De preferência, uma mulher. Não precisa ser eu, quem sabe uma mulher negra, para mostrar a cara do Brasil”, ressaltou.
A senadora reconheceu que a sua rejeição é alta em Mato Grosso do Sul e aumentou mais ainda com o apoio a Lula. “Depois do segundo turno, eu tive consciência do que é uma rejeição. Foi a decisão mais arriscada de toda a minha vida política, porque eu nunca estive do lado do PT, mas sempre estive do lado da democracia. Todo mundo fala que a gente é fruto do meio. eu falo que a gente é fruto do meio e do tempo em que a gente nasceu”, disse.
“Olha, quando eu apresentei meu manifesto, eu disse que estava apoiando o presidente Lula, não por adesão, mas por um projeto de país. ‘Eu preciso que você incorpore pelo menos algumas das minhas propostas’. E apresentei cinco. Entre as cinco, eu coloquei a igualdade salarial de homens e mulheres, que é um projeto que está parado na Câmara e já foi aprovado no Senado”, justificou-se, sobre o apoio a Lula.
“Eu tive que entrar realmente de cabeça na campanha, como fiadora do processo, né? O que está em jogo é a própria democracia. Se eu que sou uma pessoa do centro estou aqui nessa frente democrática, não há problema nenhum de vocês nos acompanharem”, afirma a senadora.
“Feminista é toda aquela mulher que defende os seus direitos, sejam eles quais forem, até o direito de ser mãe e querer ficar dentro de casa, cuidar dos filhos. É um direito da mulher ser o que ela quiser. Se é esse o conceito de feminista, sim, eu sou feminista. Eu faço política para defender que as mulheres tenham igualdade de salários, estejam nos espaços de poder”, diz Tebet.
O programa entrevistou o marido da senadora, Eduardo Rocha (MDB). O secretário estadual de Governo de Reinaldo Azambuja (PSDB) viajou a São Paulo para falar com a reportagem em uma casa de “amigos” na capital paulista.
O Fantástico limitou-se a mostrar que Simone votou a favor de projetos encaminhados por Jair Bolsonaro (PL), de quem se tornou uma das principais críticas, mas não lembrou que a senadora votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), primeira mulher a assumir a presidência da República.
Não lembrou que ela foi vice-governadora de André Puccinelli (MDB), que chegou a ser preso na Operação Lama Asfáltica.
Apesar de Simone admitir a rejeição, a reportagem só flagrou assédio de fãs da emedebista, que a elogiavam ou abordavam para tirar selfies.