Albertino Ribeiro
Depois de um longo período como párea do meio ambiente, o Brasil volta a ser destaque na Conferência do Clima das Nações Unidas, que este ano acontece no Egito. A COP 27 é a vitrine que mostrará um novo Brasil, engajado com o meio ambiente.
O governo Bolsonaro – por ter conceitos distorcidos do moderno liberalismo econômico -, adotou uma postura fundamentalista com o entendimento de que a bandeira ambientalista seria mais uma face do comunismo
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Destarte, tomado por um impulso de destruição, o atual governo realmente fez passar a boiada da desregulamentação ambiental e impôs um comportamento leniente aos órgãos ambientais, o que permitiu que fossem cometidos vários crimes contra a natureza, especialmente na Amazônia.
Pois é, leitor. Por causa de uma leitura tacanha e fanática do liberalismo, a turma do atual governo esqueceu que o liberalismo tem como um de seus precursores a doutrina da Fisiocracia, nascida no século XVIII. Como o próprio nome diz, a fisiocracia significa governo da natureza ou ordem da natureza. Segundo os fisiocratas, o sistema econômico deveria funcionar conforme as leis da natureza e essas leis deveriam ser respeitadas.
Para os fisiocratas, o homem não deveria intervir nas leis da natureza, pois seria como um corpo estranho que poderia colocá-la em desequilíbrio. Esse mesmo pensamento serviu de base para que os economistas clássicos defendessem o automatismo do livre mercado. Segundo eles, assim como a natureza é livre, a economia também deveria seguir o mesmo critério, sem a intervenção do Estado. Dessa forma, uma “mão invisível” faria com que todo sistema tendesse ao equilíbrio.
Nosso planeta corre um grande risco, justamente porque o homem interveio de maneira estouvada no meio ambiente, explorando-o e destruindo seus recursos. Nessa sanha de buscar o desenvolvimento econômico, o homem aumentou a emissão de poluentes que, segundo a maioria dos cientistas sérios, está promovendo um aquecimento sem precedente em nosso planeta, que poderá colapsar, caso nada seja feito.
Nesse contexto, o Estado não pode mais ser visto como um corpo estranho, pois tem um papel preponderante na criação de leis, politicas públicas e investimentos em ativos ambientais
Sendo assim, a leitura que um liberal de verdade deve fazer hoje da economia, é que investir para salvar o meio ambiente talvez seja a última esperança para que o capitalismo continue existindo. O dinheiro de nada vai adiantar se não tivermos o que comprar.
“Só depois da última árvore derrubada, do último rio poluído, do último peixe morto, o homem irá perceber que dinheiro não se come.”