O Ministério Público Estadual emitiu parecer para reformar a sentença de primeira instância e levar os empresários Fahd Jamil e Jamil Name Filho e o guarda municipal Marcelo Rios a júri popular pela execução do sargento da Polícia Militar, Ilson Martins Figueiredo. O chefe de segurança da Assembleia Legislativa foi executado no dia 11 de junho de 2018 na Avenida Guaicurus.
O recurso de apelação do MPE será julgado pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Na última terça-feira (1º), o desembargador Ruy Celso Barbosa Florence devolveu a relatoria do processo. Desde o início da Operação Omertà, o magistrado vem se declarando suspeito e não participando dos julgamentos envolvendo a família Name.
Veja mais:
Justiça inocenta Fahd Jamil e Jamilzinho da execução de chefe de segurança da Assembleia
“Testemunha secreta” pode ser citada em júri da morte de chefe de segurança da Assembleia
Filho de Fahd teve cópia de depoimento sigiloso e testemunha secreta falou de seis homicídios
MPE pede que Fahd vá a júri por homicídio e é contra ouvir Peró de novo sobre morte de Danielito
Com renda anual de R$ 2 milhões, “Rei da Fronteira” vai cumprir prisão domiciliar na Capital
O Gaeco denunciou Fahd Jamil e o filho, Flávio Correia Jamil Georges, Jamil Name e Jamil Name Filho como mandantes da execução morte de Daniel Georges, o Danielito, filho do Rei da Fronteira. Rios seria intermediário, enquanto Melcíades Aldana e Juanil Miranda Lima seriam os pistoleiros.
Como Flavinho, Melcíades e Juanil estão foragidos e Jamil Name morreu em decorrência das complicações da covid-19, o juiz Aluizio Pereira do Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, só deu prosseguimento ao processo referente aos réus presos. Ele concluiu que não há provas e descartou levar a júri Fahd Jamil, Jamilzinho e Marcelo Rios.
O MPE recorreu ao Tribunal de Justiça. No dia 4 do mês passado, o procurador de Justiça, Marcos Fernandes Sisti emitiu parecer pela procedência do recurso da promotoria e para que os três sejam levados a júri popular. O crime está impune há quatro anos.
Sisti argumenta que há provas consistentes do envolvimento do trio com a execução de Figueiredo. “Dentro do levantamento, MELCIADES realizou pesquisas no site de busca Google, sobre os nomes de pessoas que seriam vítimas de assassinato pela Organização Criminosa, sendo que dentre os pesquisados, foi encontrado o nome da vítima ILSON, que foi objeto de pesquisa em 05 e 06/06/2018, poucos dias antes de seu assassinato (ocorrido em 11/06/2018), cf. Ofício n°. 0043/2020/GAEV/CGR de fls.761/764 e, além disso, MALCIDES pesquisou o nome do filho de ILSON, OELITONSANTANA DE FIGUEIREDO, com o intuito de avaliar o risco de eventual retaliação, visto que OELITON era PM, contudo, este foi encontrado morto com um tiro na cabeça em 01/07/2019”, relatou.
Apesar de Fahd ter afirmado em depoimento que Melcíades é funcionário do seu filho, o MPE apontou que a quebra do sigilo telemático apontou que ele frequentava a casa e o hotel do empresário na fronteira com o Paraguai.
“No dia 02/06/2018, MELCIADES fez o trajeto que seria usado pelos pistoleiros no dia da execução de ILSON, onde um dos veículos utilizados na empreitada criminosa foi queimado, com a consequente rota de fuga”, afirmou.
“Assim, apesar de FAHD negar a prática delitiva, e que não possui relação com MELCIADES, declarou ele era funcionário de seu filho, que não residia em sua casa, mas ele frequentava diariamente sua residência, demonstrando à saciedade a sua participação nas empreitadas criminosas”, ressaltou Sisti.
O processo é moroso e longo. O júri pela morte do estudante universitário Matheus Coutinho Xavier, executado de forma brutal em abril de 2019, está parado, apesar do juiz ter determinado o agendamento do julgamento no dia 13 de outubro do ano passado.