Novos personagens vão assumir o protagonismo da política de Mato Grosso do Sul após as eleições de 2022. Os maiores vencedores são o governador eleito, Eduardo Riedel (PSDB), com uma votação histórica, a senadora eleita Tereza Cristina (PP), do Centrão, e a senadora Simone Tebet (MDB). Apesar de não terem ganho, o deputado estadual Capitão Contar (PRTB), pela direita, e o advogado Tiago Botelho (PT), pela esquerda, surgem com perspectiva de futuro.
O grupo inclui ainda a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patri), cujo apoio foi considerado fundamental para a virada do tucano no maior colégio eleitoral, e a vereadora Camila Jara (PT), em ascensão ao ganhar a segunda eleição consecutiva em dois anos.
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O empresário rural e ex-secretário estadual de Governo e Infraestrutura, Eduardo Riedel, teve 808.210 votos, batendo o recorde anterior do seu padrinho político. Há quatro anos, Reinaldo Azambuja (PSDB) obteve 677.310 votos. O governador eleito superou a votação do atual em 2014, quando Reinaldo teve 741.516 votos (55,34%). Riedel vai assumir o comando do Estado e o papel de principal liderança do PSDB.
Tereza Cristina começou a carreira política na gestão de André Puccinelli (MDB) e largou o padrinho em 2018, quando foi candidata a deputada federal e se aliou a Jair Bolsonaro (PL). Como ministra da Agricultura, ela ganhou luz própria e acabou sendo eleita senadora com mais de 829 mil votos, superior até do governador eleito.
A deputada federal contou com o apoio de três candidatos a governador: Riedel, Capitão Contar e André. A ex-ministra não só ganhou luz própria, como passou a ser a principal cabo eleitoral do tucano.
Capitão Contar obteve 612.113 votos, quase a mesma votação obtida pelo candidato de oposição há quatro anos, o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PSD). Só que o magistrado não soube manter o eleitorado cativo e viu o capital político virar fumaça em quatro anos.
Contar poderá ser o principal nome da direita na disputa da Prefeitura de Campo Grande. Contudo, o deputado vai precisar se adequar aos novos tempos, moldados sob o comando do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele pode perder parte do capital político caso mantenha a radicalização e ficar restrito ao público da extrema direita.
Qualquer candidato, que queira ter sucesso em cargo majoritário, tanto na extrema esquerda ou direita, deve se lapidar e se apresentar mais ao centro para ter chances de obter mais da metade dos votos para assumir um cargo executivo.
Sucessora de Marquinhos Trad (PSD) e discreta, Adriane Lopes mostrou capacidade de articulação e conseguiu mostrar resultado para o governador eleito. Riedel ficou em 4º no primeiro turno em Campo Grande e conseguiu vencer na cidade no 2º turno. Parte do êxito pode ser atribuído à prefeita, que ganha força para disputar a reeleição.
Em fim de mandato, a senadora Simone Tebet ganhou projeção nacional e o coração de Lula. A emedebista é considerada nome certo no ministério após chegar em 3º lugar na disputa presidencial, com 4,9 milhões de votos, e de se entregar de corpo e alma à campanha petista no 2º turno.
Os elogios e a popularidade obtida pela senadora como principal nome do centro a torna um dos principais nomes da disputa pela presidência da República em 2026. O seu cacife político pode ficar maior com a proposta de unificar o MDB, Cidadania, PSDB e Cidadania.
O advogado Tiago Botelho ficou em 3º lugar na disputa do Senado, mesmo entrando na campanha em abril deste ano, e conquistou 178 mil votos. O professor universitário teve um bom desempenho na primeira disputa e, automaticamente, transformou-se no principal nome do PT para disputar a prefeitura de Dourados em 2024.
Botelho é jovem e, dependendo da postura política, ter uma longa e promissora carreira pela frente. O principal erro do PT nos últimos anos, além dos escândalos nacionais, foi a postura pouco combativa. O partido nunca mais teve parlamentares combativos, como foram no passado Zeca do PT, Ben Hur Ferreira, Pedro Teruel e Pedro Kemp.
A falta de combatividade dos petistas abriu espaço para representantes direita como principais adversários de Reinaldo. Capitão Contar ganhou destaque e visibilidade ao contestar o tucano e, inclusive, apresentou o pedido de impeachment de Reinaldo logo após o escândalo da JBS.
O PT caminha para repetir o papel de coadjuvante da gestão tucana. O ex-governador Zeca do PT, eleito deputado estadual, já admite que o partido pode integrar a base de Eduardo Riedel na Assembleia Legislativa. Botelho apoiou o tucano no 2º turno.
O mesmo vale para a vereadora Camila Jara (PT), outra em ascensão. Há dois anos, ela foi a única mulher eleita vereadora na Capital. Agora, a jovem petista conquista o mandato de deputada federal.