Albertino Ribeiro
A economia evoluiu muito desde que o filósofo e economista Adam Smith escreveu o famoso livro A Riqueza das Nações, no século XVIII. Essa evolução trouxe a reboque o pensamento econômico, que assimilou um processo dialético, mostrando que as relações econômicas não ficaram paradas no tempo.
Destarte, é necessário que nossos governantes entendam que não existe mais lugar para maniqueísmos e pensamentos binários, que hoje tem lugar apenas em mentes medíocres e reacionárias.
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Economistas de vertente liberal como André Lara Resende e Armínio Fraga, por exemplo, hoje estão maduros e compreenderam que não é possível ter uma economia desenvolvida em um país extremamente desigual. Entenderam que o Estado também tem um papel importante na redução da pobreza e no fomento de um crescimento econômico sustentável.
Hoje, 30 de outubro de 2022, o brasileiro tem a oportunidade de optar por uma administração pública que já venceu a fase medíocre da polarização. Um Governo que já sabe o óbvio, ou seja, que Estado e mercado não são diametralmente opostos, mas são complementares. Essa conciliação possui com o condão de produzir sinergia e alavancar todo o potencial da nossa gente.
Paulo Guedes não conseguiu manter em segredo o plano nefasto de atacar o salário mínimo, não o corrigindo mais pela inflação. É como diz no livro de provérbios, “ a boca fala do que o coração está cheio”. E justamente, na reta final, o Chicago Boy entregou o estratagema em um encontro com empresários no dia 21/10.
A premissa de Guedes é fruto de um fundamentalismo do qual precisamos nos ver livres a partir de 2023; fruto de um pensamento econômico arcaico de que os salários não podem ser rígidos. Segundo ele, sem a indexação do salário mínimo pelo IPCA, este seria naturalmente reajustado acima da inflação. “O que? Como?”
O próximo governo deverá construir um caminho ótimo onde haverá a convivência da responsabilidade fiscal com responsabilidade social. O mercado – que é amoral – não gostou muito da ideia, mas acredito tratar-se apenas de um espasmo cuja memória afetiva ainda encontra-se no século passado.