O professor universitário e advogado Tiago Botelho (PT), candidato a senador que ficou em 3º na disputa, anunciou, “voto crítico” no candidato a governador Eduardo Riedel (PSDB), apesar do tucano manter o apoio à reeleição o presidente Jair Bolsonaro (PL). Com 178 mi votos, ele contrariou o PT, que decidiu ficar neutro no segundo turno, por ver mais compromisso do tucano com a democracia.
“Não acredito na política liberal e sou crítico à forma como o governo Eduardo Riedel tratou a educação, a cultura, a saúde, a agricultura familiar e os povos originários e tradicionais. A divergência política entre mim e o candidato Eduardo Riedel se mantém, contudo, neste momento, isso não está em jogo”, justificou-se, em carta divulgada nesta quarta-feira (19).
Veja mais:
Único a acertar no 1º turno, Veritá aponta Capitão Contar com 55,9% contra 44,1% de Riedel
Sem nada para atacar candidato, esposa de Contar vira alvo no 2º turno; advogado vê “covardia”
Antes de gravar vídeo para desgastar Contar, Olarte conseguiu aval para frequentar faculdade
“O que está em perigo é algo muito maior e caro ao sul-mato-grossense: a nossa democracia! A militarização do governo põe a Constituição da República e do Estado sob ataque”, afirmou o petista.
“Reconheço no projeto de Eduardo Riedel, mais compromisso com a democracia e a capacidade de diálogo do candidato, sem colocar em risco as instituições. Por essas razões, meu voto muito crítico, neste segundo turno das eleições, para o governo do MS, será nele”, concluiu.
O advogado criticou o candidato de oposição, Capitão Contar (PRTB). Apesar do deputado ter votado contra a redução de 32% no salário dos professores temporários em julho de 2019, conforme Botelho, ele não assinou a carta proposta pela Fetems.
“Capitão Contar despreza o diálogo, prática que sustenta a democracia; recusou dialogar e assinar compromissos com professores e técnicos na Federação dos Trabalhadores em Educação de MS, não participa de debates públicos enquanto candidato ao governo e não respeita pessoas e partidos que divirjam de sua limitada opinião”, acusou o petista.
O candidato a vice-governador na chapa de Riedel, José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP), votou pela redução do piso salarial dos 12,5 mil profissionais da educação básica sem concurso público. Riedel e Contar prometem rever a medida adotada na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB).
“Confesso que tive vontade, muitas vezes, de não me pronunciar, mas, após ter participado do pleito de 2022 e obtido 178 mil e 44 votos, me calar, seria covardia política. Sendo assim, aos mais de 178 mil sonhadores que votaram em mim, humildemente, peço que, considerem a opção do voto contra o Contar, portanto, depositem o voto crítico ao Eduardo Riedel. Sabendo que eventual voto nulo e branco também poderá favorecer a eleição do capitão”, alertou o advogado.
Riedel frustrou os petistas, como o ex-governador Zeca do PT, que chegou a defender o voto nele ainda no primeiro turno, ao manter o apoio a Bolsonaro. No Rio Grande do Sul, o PT também decidiu ficar neutro na disputa entre o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), e o ex-governador Eduardo Leite (PSDB). Lá, o tucano decidiu ficar neutro no segundo turno.
Confira a carta na íntegra:
Carta aos meus eleitores/as a respeito da escolha para governador de MS
Inicialmente deixo registrado que sou contrário ao voto nulo e branco, ainda mais em se tratando das eleições para o Governo do estado que nasci, resido e amo. Friso que se de um lado não consigo terceirizar a escolha, de outro respeito quem tenha decidido votar nulo ou branco nas eleições de segundo turno para governador.
A situação é crítica. Neste segundo turno temos dois candidatos que apoiam o Bolsonaro ⏤ o pior presidente que o Brasil já teve, a perversidade em forma de ser humano, alguém que negou a compra de vacinas quando podia, trouxe o país para o mapa da fome e tenta de toda forma barrar investigações de corrupção de seu governo e sua família.
Meu Presidente com orgulho é Lula e todos já sabem!
No Mato Grosso do Sul, para mim, a candidatura do Capitão Contar representa o extremismo, o negacionismo, a não política, a opressão às minorias, o despreparo de governabilidade e a militarização da educação. Capitão Contar despreza o diálogo, prática que sustenta a democracia; recusou dialogar e assinar compromissos com professores e técnicos na Federação dos Trabalhadores em Educação de MS, não participa de debates públicos enquanto candidato ao governo e não respeita pessoas e partidos que divirjam de sua limitada opinião.
Parcela expressiva da classe política resolveu apostar na inexperiência e no despreparo. Apostaram no quanto pior melhor, pois pensam apenas em seus projetos políticos para as próximas eleições, mas aí quem sofre de verdade é o povo de Mato Grosso do Sul.
Sou um defensor da democracia, como professor e advogado não posso andar com quem defende medidas autoritárias que colocam em risco a educação, a democracia e a Justiça.
Tenho lado. Meu lado é o do povo, do SUS, do meio ambiente, da juventude, da educação, da cultura, das minorias. Justamente por ter lado e compromisso com o melhor para o nosso povo, ainda que ambos os candidatos não me representem, sou forçado a optar pela escolha daquele projeto que seja menos prejudicial ao MS.
Não acredito na política liberal e sou crítico à forma como o governo Eduardo Riedel tratou a educação, a cultura, a saúde, a agricultura familiar e os povos originários e tradicionais. A divergência política entre mim e o candidato Eduardo Riedel se mantém, contudo, neste momento, isso não está em jogo. O que está em perigo é algo muito maior e caro ao sul-mato-grossense: a nossa democracia! A militarização do governo põe a Constituição da República e do Estado sob ataque.
Reconheço no projeto de Eduardo Riedel, mais compromisso com a democracia e a capacidade de diálogo do candidato, sem colocar em risco as instituições. Por essas razões, meu voto muito crítico, neste segundo turno das eleições, para o governo do MS, será nele.
Confesso que tive vontade, muitas vezes, de não me pronunciar, mas, após ter participado do pleito de 2022 e obtido 178 mil e 44 votos, me calar, seria covardia política. Sendo assim, aos mais de 178 mil sonhadores que votaram em mim, humildemente, peço que, considerem a opção do voto contra o Contar, portanto, depositem o voto crítico ao Eduardo Riedel. Sabendo que eventual voto nulo e branco também poderá favorecer a eleição do capitão.
Para aqueles que porventura não se sintam contentes com meu posicionamento, eu compreendo, acreditem que esta não é uma escolha fácil para mim. Meu voto é contra o Capitão Contar e, no outro dia, passada a eleição, serei oposição ao governo de Eduardo Riedel mas, neste momento, na minha humilde opinião, este projeto é o menos prejudicial à sociedade de Mato Grosso do Sul.
Nesse sentido, conclamo aos sul-mato-grossenses comprometidos com as minorias sociais e com o meio ambiente que ocupem a política, precisamos continuar de mãos dadas, só assim poderemos evitar, num futuro próximo, ter que voltar em um cenário tão dramático como este que temos no segundo turno.
O MS precisa da gente! Vamos às ruas, conquistar votos e fazer Lula Presidente.
“Faz escuro, mas eu canto […]
Vamos juntos, multidão, trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia” (Thiago de Melo)
Dourados – MS, 22 de outubro de 2022
Professor Tiago Botelho”