O jantar-reunião com a senadora Simone Tebet (MDB), o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), rendeu, até o momento, 74 declarações de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Representantes da elite brasileira, como empresários, bilionários e banqueiros, gravaram frases sugeridas, desde “nunca votei no PT”, “pelo Brasil” e “mira em Alckmin”, para justificar o voto no 13.
Conforme o G1, os depoimentos foram coletados por três equipes de vídeo que estavam na mansão do banqueiro Cândido Bracher, ex-presidente do Itaú, e da ambientalista Teresa Bracher, na noite de segunda-feira (17), e serão compartilhados nas redes sociais.
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A proposta era convencer eleitores indecisos a votar em Lula – a maioria deles apoiou Tebet no primeiro turno. Segundo os anfitriões, 670 pessoas participaram, incluindo executivos de Itaú, Bradesco, Santander, Banco Safra, Morgan Stanley, BMG, Cielo, Grupo Ultra, Siemens Energy, Suzano e Grupo Europa.
A maior parte dos que estavam presentes tem uma resistência histórica a Lula e ao PT, mas uma parcela minoritária, ligada às fundações e institutos vinculados aos bancos, tem mais interlocução com o campo petista.
Os organizadores produziram roteiros com dicas de como fazer a declaração de apoio a Lula e distribuíram pela casa.
“Contra Bolsonaro, no segundo turno, foca no Alckmin e aperta 13!”
“Eu NÃO sou petista, mas dessa vez meu voto é 13.”
“Eu nunca votei no PT, mas agora não tem jeito, no segundo turno é Lula e Alckmin”
“Não é pelo Lula. É pelo Brasil! No segundo turno, meu voto é 13”
Entre os que gravaram as declarações de voto estão Pedro Wongtschowski (Grupo Ultra), Pedro Passos (Natura), José Luiz Setubal (médico e acionista do Itaú), Malu Montoro (filha de Franco Montoro) e Marcello Britto (presidente da Associação Brasileira do Agronegócio).
Simone alegou que a vitória de Jair Bolsonaro (PL) pode destruir a democracia brasileira, o meio ambiente e a economia. “Se estou desse lado, peço que fiquem tranquilos porque aqui teremos guarida. Um governo que será do diálogo e moderação”, disse a senadora. “Estou com Lula por amor ao Brasil, porque defendo a democracia e sem ela não temos economia liberal, a pauta do ambientalismo, emprego, renda e nem orçamento para investir na educação para nossos filhos”.
Durante a reunião, a senadora criticou o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil), que pediu demissão do Ministério da Justiça acusando Bolsonaro de ser conivente com a corrupção, mas ter aderido à campanha pela reeleição do atual presidente. “Na política a gente precisa ter lado e marcar posição. Não dá para ficar indo para um lado e depois para o outro”, afirmou.
Tebet ainda fez um apelo para que os interlocutores se engajem na campanha de Lula, tornando-se “multiplicadores” de voto. “Não tenham medo de serem cancelados. Eu já fui cancelada no meu prédio. Dos 20 apartamentos, só três (moradores) conversam comigo hoje”, relatou a senadora, conforme o G1.
Armínio Fraga disse que nunca tinha votado no PT e que seu apoio é incondicional. “Primeiro: vou votar em Lula. Segundo: vou votar sem qualquer condição. Terceiro: vou votar com convicção”. Ao encerrar sua exposição, o ex-presidente do Banco Central disse à plateia que é necessário construir uma nova sigla. E alfinetou o Partido Novo, legenda de viés liberal que se aproximou do bolsonarismo. “Temos que procurar um partido novo, que não seja o Novo”. afirmou, arrancando risos do público.