Albertino Ribeiro
Finalmente chegou o dia das eleições. Um acontecimento que traz consigo mescla de esperança e medo. No entanto, não é a primeira vez que essa confusão de sentimentos toma conta da alma do povo brasileiro. Em 1955, também numa eleição para presidente, vivíamos clima de golpismo semelhante. Políticos e militares defendiam abertamente golpe militar. E sabe qual foi a justificativa, caríssimo leitor? Isso mesmo: a ameaça comunista.
Naquela época, o candidato Juscelino Kubitschek, do PSD, e seus apoiadores eram considerados continuação do varguismo. Muitos também, acusavam o médico mineiro de ser uma ameaça comunista – alguma semelhança com os dias atuais?
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Vejam só, logo Juscelino! O político que abriu a economia brasileira ao capital estrangeiro, dentre eles, as montadoras de automóveis – um dos maiores símbolos de consumo do capitalismo mundial –, ser chamado de comunista era muita injustiça. Na época, havia muita gente que merecia esse título, como Luís Carlos Prestes, por exemplo.
Em 3 de outubro de 1955, quando saiu o resultado das eleições, que deram a vitória para Juscelino, as forças reacionárias e disruptivas ensaiaram um golpe civil-militar contra o inimigo imaginário (o comunismo). O golpe realmente teria ocorrido em 11 de novembro de 1955 se não fosse a bem-sucedida intervenção do General Teixeira Lott, que na ocasião era ministro da Guerra do governo Café Filho, quem substituíra o ex-presidente Getúlio Vargas.
Lott era um legalista que sempre lutou pelo Estado de direito. Não era um conservador fundamentalista e muito menos comunista. Ao perceber que a democracia corria risco – pois militares tinham sido aliciados por oficiais e políticos golpistas -, Lott organizou tropas que invadiram os quartéis e repartições públicas, sufocando o golpe antes mesmo que acontecesse.
De igual modo, espero que não seja necessário termos um novo Teixeira Lott para dar um contragolpe e garantir a posse do candidato de esquerda, caso este vença o pleito. Ainda acredito, que os nossos militares são maduros o bastante para não dar ouvidos ao canto desafinado da sereia fascistoide, pois o resultado dessa aventura seria uma verdadeira hecatombe política e social.
“A democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela.” – Winston Churchill