Os candidatos acuaram o candidato a governador Eduardo Riedel (PSDB), que tenta dar continuidade à gestão de Reinaldo Azambuja, ao criticar a redução no salário dos professores, a exclusão de 25 mil famílias do Vale Renda, o aumento de impostos e a corrupção no debate promovido pela TV Morena, o último da campanha antes do primeiro turno. Adonis Marcos (PSOL) acabou fazendo o contraponto ao atacar os adversários, ao criticar a aposentadoria de Capitão Contar (PRTB) no Exército, que chamou de mamata, e responsabilizar André Puccinelli (MDB) pelo ICMS Garantido.
Na conclusão do debate, Riedel acabou se atrapalhando e errou o nome de Jair Bolsonaro (PL). Ao pedir voto pela reeleição do presidente, ele se atrapalhou e chamou o capitão de “Bolsonoro”. O tucano briga com Capitão Contar pelos votos dos bolsonaristas em Mato Grosso do Sul.
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A primeira a atacar o candidato de Reinaldo foi Rose Modesto (União Brasil). A deputada acusou o tucano, como secretário estadual de Governo, de não ter impedido a redução de 32% nos salários dos professores convocados. Conforme a candidata, havia dinheiro de sobra, orçamento e o gasto não extrapolava os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
“Você tem que ter responsabilidade com o orçamento público”, defendeu-se o tucano. Em seguida, ele disse que o Estado paga R$ 8,2 mil para o professor, o maior salário do Brasil. Só não contou que 12,5 mil são temporários e recebem quase metade desse valor. E ainda acusou Rose de ter participado da reunião que decidiu cortar os salários dos temporários. Ela destacou que era deputada quando houve a redução, já que foi no início do segundo mandato do tucano.
Em uma dobradinha com Marquinhos Trad, Rose criticou a exclusão de 25 mil famílias do Vale Renda em abril de 2019. “Cortou 25 mil famílias do Vale Renda e agora volta com programa eleitoreiro”, acusou a candidata, sobre o Mais Social, que passou a beneficiar 100 mil famílias desde julho do ano passado. Marquinhos completou que “tem dinheiro para terminar o Aquário (do Pantanal), mas não tem para dobrar o Mais Social (de R$ 300)”.
Até o ex-governador André Puccinelli não perdeu a oportunidade de estocar o tucano. O ex-secretário também detonou o emedebista sobre a regionalização da saúde. “O senhor pensou, mas não executou”, afirmou, sobre o programa, que Puccinelli se gabou de ter idealizado quando foi secretário de Saúde no início dos anos 80.
“Eu iniciei e continuei. Caberia ter concluído e não o fez”, lembrou André, fazendo referência ao Hospital Regional de Dourados, que chegou a ter a obra iniciada na sua gestão, mas ainda não foi concluído por Reinaldo.
A candidata a governadora Giselle Marques (PT) criticou o Governo do PSDB pela falta de preservação do meio ambiente, como o turvamento dos rios de Bonito e os incêndios no Pantanal. “O Pantanal está ardendo em chamas, morrendo a olhos vivos sem o Governo tomar providência”, lamentou a petista. Ela cobrou a realização de licenciamento das lavouras de soja e eucalipto para reduzir o impacto ambiental.
“Não é verdade”, retrucou Riedel, sobre a acusação de que a gestão tucana abandonou o Pantanal a própria sorte. Ele destacou grandes programas estruturantes e ações para combater as queimadas na planície pantaneira.
Outro ponto alto do debate foram os ataques de Adonis Marcos aos candidatos de oposição, mantendo a fama do PSOL. Em 2010, o candidato do partido acabou atacando Zeca do PT, que enfrentava André Puccinelli.
Na noite desta terça-feira, o emedebista foi alvo das críticas. O candidato a governador do PSOL culpou André pela ICMS Garantido, que cobra dos comerciantes antes da venda dos produtos. “Foi uma marca do seu governo”, acusou.
André respondeu que não aumentou o IPVA de 2,5% para 3,5%, não elevou o ITCD, o Fundersul nem o ICMS, como ocorreu na gestão do PSDB. “Não subirei nenhum tipo de tributo”, prometeu o emedebista, anunciando ainda que vai desonerar gradativamente o que puder a partir do 2º ano de governo.
“A marca do seu governo foi cobrar muito imposto”, acusou Adonis, no contra-ataque. “Quando vejo o André falar, dá vontade de rir. Comprou o peixe antes de concluir o Aquário”, relembrou, sobre os milhares de peixes que morreram devido ao atraso na conclusão da obra.
“Tudo era menor no meu governo. O senhor usa de números falaciosos. Prefiro a opinião da população do que a sua, que é mentirosa”, atacou André, em um raro momento de fúria no debate da TV.
Adonis retomou o ataque feito por Giselle Marques no primeiro bloco contra o Capitão Contar. Ele acusou o deputado estadual de ser beneficiado de “mamata”, por ter se aposentado do Exército com salário de R$ 7 mil aos 35 anos. O candidato explicou que foi para a reserva por uma exigência legal, já que todo militar é obrigado a deixar o quartel ao entrar na política. “Iria com muito orgulho fardado para a Assembleia se a lei permitisse”, garantiu.
O candidato do PSOL insistiu no ataque e ressaltou que o candidato poderia ter renunciado ao pagamento pensando na economia para os cofres públicos. Na defensiva, o candidato a governador acusou Adonis e Giselle de fazerem jogo combinado com o tucano para ataca-lo no confronto. “É um joguinho da esquerda com direito a R$ 800 mil”, afirmou, lembrando do repasse feito pelo empresário Ricardo Fernandes de Araújo, dono da Mil Tec Tecnologia, que tem contratos milionários com a gestão do PSDB.
Em um confronto com André, Capitão Contar cutucou o emedebista ao falar como resolveria o problema da fome. “Não vai ser roubando da merenda nem da cesta básica”, afirmou, também atacando a gestão tucana, que foi acusada de superfaturar em R$ 2,4 milhões a compra de cestas básicas para famílias carentes com recursos da covid-19.
“Tirar (dinheiro) da comida (de quem está passando fome) para por no bolso é inadmissível”, criticou Contar. André aproveitou a deixa e criticou o corte de RR$ 25 mil famílias do Vale Renda em 2019. “A fome não pode esperar”, frisou, destacando que vai retomar o número que era atendido em seu Governo, 60 mil famílias.
Para contrapor às armações, feitas pelos adversários e por alguns jornais governistas, de que estaria atuando junto com Marquinhos, Capitão Contar fez o mais duro ataque contra o ex-prefeito. Ele lembrou do inquérito por assédio sexual, das obras paradas e dos prejuízos causados aos donos de restaurantes na pandemia.
“Lamento sua agressividade”, reagiu Marquinhos. “Não se trata de inquérito policial, trata-se de armação na véspera de eleição”, defendeu-se. Ele ainda destacou que irá provar a inocência e que é vítima a um mês das eleições.
“Nunca recebi um oficial de Justiça”, gabou-se, sobre não ter sido alvo de nenhuma operação de combate à corrupção no mandato de prefeito. E citou a reeleição no primeiro turno como prova de que a população de Campo Grande aprovou o seu trabalho.
Ao ser acusado de quebrar as empresas com o toque de recolher, o ex-prefeito alfinetou o adversário. “Enquanto você estava na sala de musculação na pandemia, eu estava nos bairros, visitando as famílias”, afirmou.
Riedel acabou sendo ignorando no 4º bloco e não foi escolhido para responder pergunta de nenhum candidato. “Infelizmente não pude responder a nenhuma pergunta neste último bloco”, lamentou o tucano, chateado por ter sido deixado de lado pelos adversários.
O candidato a governador de Reinaldo se atrapalhou nas considerações finais ao pedir voto no presidente. “Peço voto no Jair Bolsonoro”, afirmou, para corrigir em seguida, estourando o tempo. (clique aqui para ver o vídeo)
Marquinhos lembrou os escândalos de corrupção que marcaram as gestões de André e de Reinaldo. “Vamos virar a página de corrupção em Mato Grosso do Sul”, afirmou. “Quero oportunidades para todos com mais empregos e menos impostos”, concluiu.
Capitão Contar lembrou a live de Bolsono, realizada ontem e hoje, nas quais teria pedido voto nos capitães do Brasil. “Se estiver cansado da velha política, vote em Capitão Contar”, afirmou, pedindo voto também para Bolsonaro.
Giselle Marques pediu voto para Lula e os candidatos a deputado estadual e federal e para o advogado Tiago Botelho para senador. Ela defendeu que é preciso votar nos aliados de Lula para garantir a governabilidade e permitir que as pessoas “voltem a ser feliz”.
Rose lembrou a origem humilde e voltou a frisar que tem o sonho de ser a primeira mulher a governar Mato Grosso do Sul. Adonis voltou a citar a mamata e candidatos que buscam o cargo para se livrar de processos na Justiça, mas sem citar nomes.