Em um debate que começou morno, os candidatos ao Governo do Estado Marquinhos Trad (PSD) e Eduardo Riedel (PSDB) foram os responsáveis por esquentar o clima no embate promovido pelo jornal Midiamax, na noite desta segunda-feira (19). Os dois trocaram acusações que levaram a reações do público, expulsões na plateia, troca de socos e ofensas entre torcidas do lado de fora do auditório do Crea-MS, com necessidade de intervenção da Polícia Militar.
O primeiro bloco do debate foi dedicado à apresentação dos oito candidatos: Adonis Marcos (PSOL), André Puccinelli (MDB), Capitão Contar (PRTB), Eduardo Riedel (PSDB), Giselle Marques (PT), Magno de Souza (PCO), Marquinhos Trad (PSD) e Rose Modesto (União Brasil).
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Na sequência, no segundo bloco, cada candidato teve direito a fazer uma pergunta para outro postulante, definido por sorteio, sobre tema que também foi sorteado.
Marquinhos Trad abriu com pergunta à Gisele Marques sobre Assistência Social. A petista afirmou que seu partido tem como marca a promoção de políticas sociais, da segurança alimentar da população, que foram feitos na gestão Zeca do PT. “Como governadora vou retomar essas políticas e aprofundá-las. Gerar empregos para que as pessoas não precisem dessa assistência social”, disse Giselle.
André Puccinelli questionou Capitão Contar a respeito de Educação. “Temos que cuidar da sala de aula, do aluno e do professor. Dar condições, estrutura e ambiente confortável. Infelizmente, Mato Grosso do Sul caiu três posições para o 14º nacional, com queda de uma posição na taxa de frequência do ensino médio, desabou a taxa de atendimento para educação infantil, dignidade passa pela sala de aula, o futuro começa pela sala de aula”, disse o candidato do PRTB.
Então veio o momento mais tenso do debate até então, o candidato Eduardo Riedel teve de fazer uma pergunta sobre o tema Saúde a Marquinhos Trad, ex-prefeito de Campo Grande. O tucano citou ter ouvido reclamações da população sobre falta de remédios e médicos na atenção básica da Capital. “Com certeza o candidato não deve ter morado em Campo Grande nos últimos anos”, rebateu Trad.
“Campo Grande investiu mais na saúde, foram R$ 68 milhões para a Santa Casa, enquanto que o Estado enviou R$ 48 milhões. Para a maternidade Cândido Mariano, o município também repassou mais. Foram R$ 1,8 bilhão para os 79 municípios do Estado, enquanto que só Campo Grande investiu R$ 1,4 bilhão. Onde estava o Governo do Estado durante a pandemia? Por que os prefeitos me ligavam para os salvar”, completou Marquinhos.
Na réplica, o ex-secretário de Governo e Infraestrutura de Reinaldo Azambuja (PSDB) disse que Marquinhos “manipula os dados e falta com a verdade”. “Me aponte os prefeitos que te ligaram. Não falte com a verdade”, indagou.
Em sua tréplica, Marquinhos foi interrompido com vaias da plateia quando chamou Riedel de “novo Azambuja”. O debate foi paralisado por alguns minutos e culminou na expulsão de quatro pessoas da plateia, três membros do PSDB e um do PSD. O ex-prefeito tentou retomar o raciocínio, mas voltou a ser interrompido e não conseguiu se pronunciar. O pessedista pediu e teve direito de falar novamente ao fim do bloco.
“O motivo do direito de resposta foi a agressividade que o PSDB trata as pessoas. Se tivessem essa volúpia para diminuir impostos como tem para agredir, Mato Grosso do Sul teria a maior renda per capita do Brasil”, afirmou.
O atrito que começou dentro do auditório do Crea-MS foi transferido para o lado de fora. Apoiadores de Marquinhos e Riedel trocaram socos e ofensas e foi necessário haver intervenção da Polícia Militar. De acordo com o Midiamax, a PM informou que um homem precisou ser contido pelos policiais, mas ninguém foi detido. Uma das pessoas também usou spray de pimenta.
O debate prosseguiu e chegou o momento em que coube ao candidato Magno Souza questionar André Puccinelli sobre combate à Corrupção e Transparência. O ex-governador é acusado de liderar uma organização criminosa que desviou centenas de milhões de recursos públicos de Mato Grosso do Sul, chegando a ser preso em algumas fases da operação, que o impediram de concorrer ao Governo em 2018.
No entanto, Adonis decidiu perguntar sobre armamento e violência contra os indígenas no Estado na gestão do emedebista. “Nunca dissemos para armar alguém, dissemos que todos têm o direito a se proteger”, disse Puccinelli, que não falou sobre corrupção, mas abordou transparência. “Em nosso governo o portal de transparência vai funcionar realmente, e não fiquemos com números de contratados com mala preta, caixa preta, dita pela candidata Rose na pergunta anterior”, disse.
“Só espero que o senhor, se for eleito, não mande mais arroz carunchado e feijão carunchado”, disse Magno na réplica, e pediu a André “armar também os indígenas e não só os fazendeiros” em um eventual novo governo.
“Nós nunca entregamos caruncho, apesar de ser proteína”, retrucou André.
André Puccinelli voltou a ser confrontado com questionamento sobre corrupção na abertura do terceiro bloco, quando cada candidato pode escolher um adversário para perguntar com tema livre.
Adonis Marcos, do PSOL, lembrou sobre a gestão de Puccinelli e os problemas enfrentados por ele na Justiça. “Você terminou o último governo como penúltimo no ranking de transparência do país. Um reflexo sobre o que aconteceu depois, prisão e com seu uso de tornozeleira. O senhor se arrependeu? O senhor voltará a essas práticas se eleito?”
O ex-governador decidiu sair pela tangente e falou apenas sobre transparência. “O meu governo será retomado para que a população saiba a verdade e saiba julgar. Não terá caixa preta em meu governo. Fique tranquilo, vou chamá-lo para que possa constatar a veracidade dessas propostas”.
“Respondeu, mas não me convenceu”, rebateu Adonis. Por fim, André aproveitou para se defender. “Consegui registrar minha candidatura sem ressalvas. Fui perseguido, o juiz foi afastado, e a Justiça me dará a idoneidade que tenho”, afirmou, e ainda promoteu “tolerância zero aos delitos” em um futuro governo.
Na sequência, Marquinhos Trad e Eduardo Riedel voltaram a se enfrentar. O tucano lembrou o ex-prefeito de Campo Grande sobre o bom relacionamento que mantinha com o governo de Reinaldo Azambuja. “Você acusa hoje o Governo do Estado, mas enquanto prefeito não se comportava dessa maneira. Elogiava o governador Reinaldo Azambuja e se colocava como parceiro. Você tem se acostumado a faltar com a verdade e transferir responsabilidade”.
“Eu assumo o que faço, e em 2018 eu apoiei o Reinaldo Azambuja, que teve um governo morno para regular, mas o governo abandonou o Estado na pandemia. Vi várias denúncias, vi criações de secretarias de políticas estratégicas no último ano de mandato e outros escândalos, além de aumento de tributos. Depois de tudo que eu vi, tive plena convicção de que não é isso que quero para o Mato Grosso do Sul”, rebateu Marquinhos.