A campanha eleitoral pela sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB) é marcada por pesquisas feitas para agradar gregos e troianos em Mato Grosso do Sul. Com cinco candidatos com chance de chegar ao 2º turno, os levantamentos concordam apenas com o primeiro colocado – André Puccinelli (MDB) – mas divergem em relação ao segundo nome. A maioria das pesquisas teve a divulgação suspensa pela Justiça Eleitoral.
Outra novidade é que o Tribunal Regional Eleitoral, segundo o advogado eleitoralista Yves Drosghic, passou a suspender as pesquisas neste ano após a divulgação e a repercussão do resultado. Até 2018, a estratégia dos juízes eleitorais era proibir a divulgação das pesquisas eleitorais.
Veja as entrevistas dos candidatos e candidatas:
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Adonis propõe PPP para resolver problemas na saúde e manter ICMS de 17% nos combustíveis
Nos últimos dias, o eleitor passou a ser surpreendido por vários levantamentos. O ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) ficou em 2º lugar em dois levantamentos. O ex-secretário estadual de Governo, Eduardo Riedel (PSDB), aparece também só atrás de André em duas sondagens, mas em empate técnico com o candidato do PSD.
Houve pesquisa, do Brasmarket, que colocou a deputada federal Rose Modesto (União Brasil) em 2º. Mesmo em empate técnico com Riedel e Marquinhos, a candidata aproveitou para faturar com a colocação e propagandear que estava garantida no 2º turno. Capitão Contar também apareceu em 2º, em empate técnico com Riedel, em outra pesquisa e usou os números para contestar que está fora da próxima fase.
O Jacaré até vai ficar devendo de publicar os números para não correr o risco de desrespeitar a Justiça Eleitoral, que suspendeu as pesquisas de vários institutos. No sábado, o juiz eleitoral suspendeu as pesquisas do Ipec/TV Morena e do Veritá. Na primeira, o candidato ficava em 4º lugar e perdia as simulações de segundo turno. Na segunda, o tucano ficava empatado em 2º lugar com Contar, mas acabou beneficiando Marquinhos, que estava em 4º.
A primeira pesquisa a ser suspensa foi do Datamax, também a pedido de Riedel, que não gostou de aparecer com um dígito. A suspensão levou o instituto do jornal Midiamax a abandonar as eleições deste ano e desistir de publicar novas pesquisas.
O cientista social Tony Ueno, do Instituto Ranking Brasil, celebrava as decisões judiciais suspendendo as pesquisas dos concorrentes. Ele até espalhava nos grupos que as sondagens eram “fake news”. Na semana passada, ele acabou sentindo o gosto amargo de ter o levantamento suspenso pela Justiça e mudou de opinião, classificando a medida como “censura”. A pesquisa foi suspensa a pedido da coligação de Rose, que aparecia em queda e em 4º lugar.
Capitão Contar também conseguiu suspender pesquisas do Percent Brasil e a primeira feita pelo Ipec/TV Morena, na qual figurava em 5º lugar. Os motivos para suspensão sempre foram baseados em pequenos dados técnicos.
De acordo com o advogado Yves Drosghic, o TRE inovou neste ao só suspender a pesquisa após a publicação do resultado e da repercussão. Até 2018, a suspeita de fraude levava o juiz eleitoral a proibir a divulgação do resultado da pesquisa.
Drosghic defende que o Tribunal Regional Eleitoral tenha um setor de auditoria para analisar as pesquisas eleitorais e reduzir a fraude e manipulação para beneficiar determinado candidato. Ele cita como exemplo o trabalho realizado para analisar a prestação de contas dos candidatos.
Ueno explica que os resultados podem diferir a partir do critério usado, do plano amostral e da metodologia. Uma pesquisa feita por telefone tem margem de erro maior, explicou o cientista social.
Ele considera que o Ipec falha ao limitar em 800 entrevistas para sondar o humor do eleitorado de Mato Grosso do Sul, que conta com quase 2 milhões de eleitores. Na sua avaliação, o ideal é, no mínimo, 1,5 mil eleitores. O Ranking pesquisa 3 mil eleitores.
Para acertar o resultado das eleições deste ano, o Ranking vai divulgar a boca de urna para antecipar os resultados das urnas para governador, senador e presidente da República no Estado.