Albertino Ribeiro
Pesquisadores do Datafolha estão sendo perseguidos e ofendidos em vários lugares do País por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Infelizmente a ignorância tomou conta de muitas pessoas nesses tempos em que a extrema-direita, que não é muito dada à leitura, governa o Brasil.
Em uma cidade da Bahia, um homem se dirigiu a uma entrevistadora do instituto de pesquisa e se ofereceu para a entrevista, dizendo ser eleitor de Bolsonaro. Como a entrevistadora não aceitou entrevistá-lo, o bolsonarista começou a ofendê-la com xingamentos e a chamou de comunista.
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Em outro lugar, um policial militar, dizendo-se também eleitor do Bolsonaro, manteve um entrevistador preso dentro do carro, soltando-o somente depois dele prestar alguns esclarecimentos. Temos aí um caso típico de sequestro de cidadão por um agente do Estado.
Toda essa violência poderia ser evitada com um pouco de leitura sobre como funciona as pesquisas de opinião. Um dos principais conceitos da pesquisa é a aleatoriedade, ou seja, o entrevistado não pode se oferecer pra dar entrevista; ele deve ser escolhido aleatoriamente pelo entrevistador.
Outra situação que pode afetar o conceito de aleatoriedade, seria o fato do entrevistador do Datafolha, ou qualquer outro instituto, escolher alguém que estivesse com uma camiseta ou algum outro apetrecho de qualquer dos candidatos ou do seu partido; todas são situações que inviabilizam a pesquisa, pois a escolha randomizada é um preceito fundamental para que o trabalho de seja confiável.
Esta ignorância sobre as pesquisas pode sair muito cara, pois passar da ofensa para agressões físicas é apenas um pulo. Mais uma vez, os apoiadores de carteirinha do presidente da República agem ameaçando a integridade física e moral das pessoas. São verdadeiros sequazes, que desprezam a ciência e o conhecimento; tudo em nome do seu líder – que também é um ignorante -, mas, infelizmente, é um formador de opinião.