Assistente administrativa, uma das supostas 15 vítimas, confirmou, afirmou em depoimento na 1ª Delegacia de Atendimento à Mulher, que recebeu dinheiro para mentir e denunciar por assédio sexual o candidato a governador, Marquinhos Trad (PSD). Ela confirmou o teor da declaração feita em cartório, que acabou sendo divulgada pela revista Veja e pelo O Jacaré.
Conforme o depoimento à delegada Maíra Pacheco Machado, titular do inquérito, no dia 2 deste mês, a mulher disse que “se arrependeu de participar da armação” contra o ex-prefeito de Campo Grande. Ela afirma que recebeu dois Pix, um no valor de R$ 2 mil, conforme declarado em cartório, e um outro de R$ 1,5 mil.
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Um dos motivos para mudar de postura foi o temor de “ter o nome divulgado” pela mídia. Após a divulgação do recuo em cartório, ela contou que passou a ser ameaçada pelas duas garotas de programa que participaram da suposta armação. Por meio de ligações telefônicas e conversas pelo aplicativo, as “amigas” queriam saber se ela era a autora da declaração em cartório denunciando o caso.
“A delegada está desesperada querendo saber quem é que fez a retratação”, teriam dito as mulheres, conforme o depoimento. Em uma das conversas feitas dentro do carro, a mulher teria lhe oferecido R$ 50 mil. Conforme a testemunha, ela negou a proposta. Ela disse que “não queria nada com isso. Não conhece o Marcos Trad”.
No depoimento concedido à delegada Maíra Pacheco, a assistente administrativa contou que, logo após a denúncia de assédio sexual ter sido protocolada na Corregedoria da Polícia Civil, no mês de junho, ela voltou a ser procurada pela “amiga”. A mulher lhe contou que poderia ganhar R$ 50 mil se gravasse uma entrevista para ser divulgada na imprensa. Alguns meios de comunicação estão dando ampla cobertura à investigação conduzida em sigilo pela delegada Maíra Pacheco Machado.
Apesar de não ter tido contato com o autor da suposta proposta, a mulher garante que o pagamento seria feito pelo diretor-presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos, Carlos Alberto de Assis. Ela contou que ele seria o chefe de “Cintia”, que foi citada também na declaração feita em cartório.
O depoimento reforça a defesa de Marquinhos, de que tem sido vítima de armação política para beneficiar o principal concorrente na atual disputa, o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel (PSDB).
Patrocinador da candidatura tucana, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) tem enfatizado que o caso é da polícia e não há interesse político. Em nota neste sábado, Riedel seguiu a mesma linha e acusou o adversário de caminhar para a “vala da mentira” e da “mediocridade”.
Na sexta-feira, as advogadas Rejane Alves de Arruda e Andrea Flores anunciaram a abertura de inquérito pela 3ª Delegacia de Polícia para apurar o crime de denunciação caluniosa contra Marquinhos. Um dos alvos seria Assis.
O diretor-presidente da Agência de Regulação foi procurado, mas não se manifestou sobre a acusação de que teria oferecido dinheiro para as mulheres denunciarem o ex-prefeito.