Nos dois blocos iniciais do debate promovido pela Morena FM e pelo portal Primeira Página entre os oito candidatos ao governo não houve perdão nem para deslize de quem que deu boa tarde em vez de boa noite,. No campo das propostas, ganhou força as promessas de reduzir a carga tributária, inclusive zerando o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) da conta de energia elétrica. Na esfera do debate, o único candidato indígena aproveitou seu espaço na imprensa para um desabafo sobre a violência policial contra os índios em Mato Grosso do Sul.
O momento mais quente no diálogo entre os candidatos veio no primeiro bloco. André Puccinelli (MDB), que lidera as pesquisas, se valeu de pergunta sobre recursos hídricos para cutucar o concorrente do PSD, o ex-prefeito Marquinhos Trad. O ex-governador deu boa tarde, apesar do debate ter começado às 19h, e quis saber por que Nelsinho Trad, ex-prefeito de Campo Grande e irmão de Marquinhos, prorrogou por mais 30 anos e de forma antecipada a concessão para a Águas Guariroba.
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“Doutor André, quero dizer que estamos à noite e não de tarde. E quem lançou ele candidato a prefeito foi ao senhor, pergunte para ele, não sou Nelsinho Trad”, disse Marquinhos.
A questão tributária também veio à baila. Candidata do PT, Giselle Marques prometeu isenção do ICMS da conta de luz. “O impacto será de 10% sobre o orçamento. O superávit foi de R$ 1 bilhão. Temos recurso para zerar o ICMS sobre a energia elétrica”, diz. Ainda sobre economia, Giselle afirmou que pele de frango virou iguaria. A candidata do PT fez diversas menções ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato a presidente.
Da turma dos “fechados com Bolsonaro”, o Capitão Contar (PRTB) citou apenas uma vez o atual presidente, que disputa a reeleição. Já Eduardo Riedel (PSDB) não mencionou Bolsonaro nos blocos iniciais.
A questão tributária também teve adesão da candidata Rose Modesto (União Brasil), que destacou a necessidade do governo abrir mão de receita para melhorar a vida das pessoas. Representante da gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), Riedel se mostrou mais conservador sobre o tema. “Na época de eleição, todo mundo abaixa impostos, todo mundo faz tudo”.
No quesito Saúde, Puccinelli reforçou a necessidade da regionalização e citou que o governador tem liberdade para conceder o Piso Salarial da Enfermagem, suspenso por 60 dias pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A segurança teve varias menções no debate, como sobre uso de câmeras nas fardas dos policiais, recusada pela candidata Rose, enquanto Marquinhos reclamou do baixo número de policiais, com a necessidade de 9.616 homens, enquanto o efetivo é pouco menos de 5.300.
Capitão Contar prometeu combater a violência contra a mulher, com aplicativo para pedir socorro e interiorização do projeto da Casa da Mulher Brasileira. Na economia, Riedel destacou o desenvolvimento de MS na produção e o compromisso de zerar as emissões de carbono até 2030. Questionado sobre o Rio Taquari, em Coxim, o candidato prometeu buscar parceria com o governo federal, diante do volume expressivo de recursos.
Adonis Marcos (Psol) respondeu à pergunta de leitora sobre lei que desde 2013 dorme nas gavetas, a legislação que determina brinquedos adaptados em parquinhos e áreas de lazer para deficientes. Ele prometeu olhar para as pessoas com igualdade.
Candidato do PCO, Magno Souza ocupou os espaços com um discurso só, mas que nunca ecoa por Mato Grosso do Sul: os direitos dos povos indígenas. “Vou desabafar. Os indígenas e os branco sem-terra esperam defesa, proteção qualificada. Mas não é o que acontece. Essa é a minha revolta, vou denunciar, desabafar. Estamos denunciando o ataque dos latifundiários e polícia militar”.
O candidato do PCO foi impugnado por ter condenação por furto. Hoje, dividiu estúdio com Puccinelli, que é réu na Lama Asfáltica e já foi preso, e com Marquinhos Trad, investigado por crime sexual.