Inaugurada em 28 de março após se entender por 11 anos e custar mais de R$ 200 milhões de dinheiro público, a obra do Aquário do Pantanal, que abriu as portas como nome oficial de Bioparque Pantanal, ganhou destaque na propaganda do ex-governador André Puccinelli (MDB).
Na busca pelo terceiro mandato, o político é mencionado como um visionário. Contudo, o empreendimento foi destacado na operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, como emblemática não pelos peixes ou estilo arquitetônico arrojado, mas pela corrupção.
Na sexta-feira, aniversario de 123 anos de Campo Grande, a assessoria do candidato divulgou que o Aquário do Pantanal, criticado em um primeiro momento, revelou-se, após sua inauguração, um poderoso instrumento de projeção do nome do estado no mundo inteiro, além de representar um enorme incentivo à indústria do turismo, à geração de empregos e ao desenvolvimento e crescimento do setor de serviços.
“O Aquário do Pantanal é hoje, e será sempre, o nosso eterno cartão postal. Cada pessoa que fizer uma selfie, que se fotografar com o Aquário ao fundo, levará com ela um pedacinho da nossa história, um pedacinho do nosso estado e, claro, um pedacinho de cada um de nós e da nossa cultura”, declarou Puccinelli.
Apesar de a obra ter sido concluída pela gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB) e sob os cuidados de Eduardo Riedel (PSDB), então secretário de Infraestrutura e atual candidato ao governo de MS, Puccinelli foi convidado para a inauguração e tratado com deferência, sendo ciceroneado por Azambuja num tour pelo circuito das águas.
A obra foi lançada em 2011 por André e deveria custar R$ 84 milhões. Contudo, ainda na gestão do emedebista, a construção passou da Egelte para Proteco, com aditivo de R$ 21 milhões. A mistura de aquário e propina também teve capítulo especial na delação de Joesley Batista, da JBS, num relato de 6 de dezembro de 2017.
“Mais perto do fim do ano, o Puccinelli, eu tive com o Puccinelli lá no Palácio do Governo, onde o Puccinelli me pediu, já indo pro finalmente do Governo dele, que eu ajudasse ele, que pagasse em torno de R$ 10.000.000,00 (dez milhões), pra uma empresa construtora, que tava construindo um aquário, uma obra no Estado, foi até curioso, que ele me disse o seguinte, história que ele me contou né, disse: Olha o orçamento do Estado acabou para construir o aquário, faltam R$ 10.000.000,00 (dez milhões) mais ou menos, e, foi o pedido que o Puccinelli fez a mim, dizendo o seguinte: gostaria que se você pudesse pegar R$ 10.000.000,00 (dez milhões) da propina devida a mim e pagasse essa empresa”, detalhou Joesley Batista.
Ao sair do governo, após anunciar três datas, mas nunca entregar a obra, André deixou R$ 34 milhões em caixa para o sucessor concluir o Aquário do Pantanal. O projeto foi bastante criticado por Reinaldo Azambuja, que só terminou o empreendimento no último dos seus oito anos de mandato.
No parabéns a Campo Grande, Puccinelli destacou o fim das favelas, abertura de grandes avenidas, retirada dos trilhos do centro, Camelódromo, “Feirona”, construção de 17 mil moradias e 810 obras enumeradas com placas comemorativas de quando foi prefeito, entre 1997 e 2004.
Natural de Viareggio, na Itália, André Puccinelli veio ao Brasil em 1953 e formou-se em Medicina no Paraná. Desde 1973 em Mato Grosso do Sul, ele foi secretário estadual de Saúde, deputado estadual, deputado federal prefeito de Campo Grande e governador.