Candidato a governador pela federação formada pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade, o bacharel em Direito Adonis Marcos de Souza, 38 anos, aposta nas PPPs (Parcerias Público-Privadas) para solucionar os problemas na área de saúde, desde zerar as filas por exames médicos, consultas médicas e cirurgias eletivas. Ele não se importa em manter as organizações sociais, uma marca das gestões do PSDB, que não deram certo.
“Soluções existem, mas falta boa vontade para ouvir e buscar soluções”, afirmou o candidato em entrevista exclusiva ao O Jacaré, durante um café no jardim gastronômico Recanto das Ervas, no Centro de Campo Grande.
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Presidente da UNA (União Nacional Agrária), que reúne diversas entidades ligadas aos sem-terra, o socialista cutuca, por outro lado, a gestão do PSDB, que tenta emplacar um terceiro mandato com o ex-secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel. “Aumentar impostos não é a solução”, detonou.
Adonis promete manter a alíquota de 17% do ICMS sobre os combustíveis, energia e telecomunicações, como determina a lei federal aprovada pelo Congresso Nacional como parte do pacote para reduzir o preço dos produtos durante as eleições. “Após as eleições, volta ao índice anterior”, alertou. Ele se comprometeu ainda a retirar a ação de Reinaldo Azambuja (PSDB) no Supremo Tribunal Federal contra a redução do tributo sobre a gasolina e o etanol.
“O Estado não é quebrado, não posso deixar o Estado cada vez mais rico e a população cada vez mais pobre”, defendeu, sobre a proposta para mudar a atual política econômica estadual, que incluiu o aumento de diversos tributos, como IPVA, ICMS, ITCD e Fundersul.
Em tempo de que a extrema direita vem fuzilando os candidatos de esquerda, de que planejam implantar o comunismo no Brasil, o candidato do PSOL é taxativo: “não sou comunista. Não me reconheço como comunista. Não deu certo em lugar nenhum do mundo”.
Adonis Marcos se define como socialista utópico e defende a boa convivência entre o trabalhador e o capital privado. Na sua percepção, a PPP é uma boa alternativa para resolver os problemas que não são resolvidos há décadas pelo poder público.
O programa de parcerias deverá ser usado, em eventual Governo do PSOL, como solução para o grande gargalo em Mato Grosso do Sul, a saúde pública. Além das organizações sociais, ele apostará na parceria com laboratórios particulares para zerar a fila por exames médicos.
Para zerar a espera por pequenas cirurgias, que só recebem atenção a cada dois anos na Caravana da Saúde, ele promete discutir um plano com médicos e enfermeiros para resolver o problema. Na sua avaliação, não basta ter estrutura e não contar com médicos.
A PPP também é apontada como saída para solucionar o problema da reforma agrária em Mato Grosso do Sul, onde cerca de 40 mil famílias esperam um lote. A meta é assentar 10 mil famílias em quatro anos.
De acordo com o candidato, uma das possibilidades é ocupar as terras entre Ribas do Rio Pardo e Camapuã, um grande vácuo sem ocupação populacional. “Temos que repensar o papel do Incra, é preciso parceria”, propõe, sobre como pretende atender a grande demanda. Atualmente, MS conta com 32 mil famílias assentadas.
Na educação, Adonis não garante a equiparação dos salários dos professores temporários com os efetivos. Desde julho de 2019, graças a Reinaldo Azambuja, os convocados passaram a receber metade do salário pago aos docentes concursados. “Vamos discutir uma proposta com a Fetems para reduzir os custos”, limita-se.
O candidato a governador do PSOL promete priorizar a escola em tempo integral, mas com ensino de qualidade. “Não pode ser depósito de criança pós o almoço”, critica, sobre o atual programa de ensino integral do Governo do Estado. Ele propõe ensino bilíngue em todas as escolas estaduais.
O PSOL resistiu e manteve a candidatura de Adonis, apesar do assédio do PT, que esperava obter o apoio da sigla para a candidata a governadora Giselle Marques. Apesar de figurar na lanterna nas pesquisas, o socialista não titubeia ao falar da campanha. “Não vim para cumprir tabela”, assegura. E se mostra otimista de que que será eleito.
Natural de Cascavel (PR), Adonis chegou há 22 anos em Mato Grosso do Sul, quando veio para trabalhar no Assentamento Geraldo Garcia, em Sidrolândia, onde vivem 200 famílias. Com o seu trabalho, ele ajudou os pequenos produtores rurais a ampliar a renda mensal em 100% a 150%. As famílias passaram a cultivar hortaliças para a merenda escolar.
Esse trabalho levou Adonis a entrar na política. Desde 2010, ele foi candidato a vereador de Campo Grande e deputado estadual e passou por diferentes partidos, como PTC, PTB e PDT. Em 2020, como candidato a vereador da Capital obteve 433 votos.
Construtor autônomo, casado e pai de três filhos, Adonis foi assessor parlamentar por dois anos de Dagoberto Nogueira, que trocou o PDT pelo PSDB em março deste ano. A chegada ao PSOL ocorreu graças a Lucien Rezende, uma das lideranças do partido. A filiação ocorreu exatamente porque planejava disputar o Senado nas eleições deste ano. Acabou virando candidato a governador.
O conflito entre índios e policiais, que deve levar o governador tucano a ser denunciado na ONU, também preocupa Adonis Marcos. Para evitar novos confrontos, ele defende a criação de uma Vara de Conciliação Agrária para buscar conciliação entre produtores e indígenas.
Atualmente, com 70 mil índios, MS precisa buscar meio de ampliar as áreas indígenas. Adonis defende a mudança na Constituição de forma a permitir a indenização dos produtores rurais pela terra e não apenas pagar as benfeitorias. “Entendo que o produtor tem história, tem uma vida, é preciso pensar nos dois lados”, avalia.
Adonis também pretende construir um plano de carreira única para os policiais e reduzir as diferenças salariais. “É preciso uma assessoria jurídica para defender os policiais que venham a cometer faltas”, propõe o candidato.
Na área do meio ambiente, Adonis afirma que houve omissão do atual Governo na preservação do Pantanal. “Os incêndios causaram uma imagem ruim com a s mortes de aonças e jacarés”, afirma. Ele defende investimento na preservação e no turismo ecológico para garantir a manutenção das belezas naturais em Mato Grosso do Sul.
Sobre a violência na fronteira com o Paraguai, o candidato promete cobrar ações efetivas do Governo federal. Por outro lado, promete, caso eleito governador, combater a violência e o tráfico com investimento em educação. Para Adonis, uma das soluções seria a garantia de renda mínima aos desempregados e implementação de programas de geração de emprego e renda, para que o cidadão não se torne presa fácil do crime organizado.
O Jacaré disponibilizou o espaço com todos os candidatos a governador.