Albertino Ribeiro
Em um grupo privado no Telegram, Luciano Hang disse que sairia do Brasil caso Lula ganhasse a eleição para presidente. Custa-me acreditar que ele realmente tenha dito isso, pois tal afirmação não tem lastro algum na lógica de um empresário. Pelo contrário, vai de encontro ao que prega a economia liberal, que apresenta o agente econômico como alguém racional e que não se deixa levar pelas emoções.
Destarte, o empreendedor racional não tem tempo para rancores e muito menos para preconceitos, seja este de que tipo for. Seu objetivo de gerar riqueza deve ignorar sentimentos menores, que podem afetar o seu negócio.
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No entanto, pelo que parece, o empresário catarinense não está seguindo a cartilha da racionalidade econômica (homo economicus). Senão vejamos: conforme mostra o gráfico abaixo, o período em que as lojas Havan mais se expandiram, em termos relativos, foi justamente na era Lula, quando saltou de 5 lojas em 2003 para 22 em 2010, ou seja, 350% de crescimento. Se estendermos o período até 2014 – final do primeiro mandato da então presidente Dilma -, o crescimento chega a 1.500%.
Naquele mesmo período, os números do comércio eram favoráveis e apontavam uma tendência de alta apesar da crise financeira de 2008, que reverberou até o ano de 2010. Para termos uma ideia, segundo o IBGE, no início de 2003, o volume de vendas do comércio era de R$ 44,30 bilhões, saltando em 2010 para R$111,61 bilhões (valores já deflacionados pelo IPCA). Ou seja, um crescimento de 152%; o setor do varejo “nadava de braçada”.
Segundo matéria do portal Metrópoles, a empresa de Hang tomou 50 empréstimos do BNDES (Banco Nacional de desenvolvimento econômico e Social) entre os anos 1993 e 2014, o equivalente a R$ 72 milhões, valores também deflacionados pelo IPCA.
Portanto, durante os governos petistas, a réplica da estátua da liberdade multiplicou-se e ganhou o país; não houve cerceamento da liberdade econômica e nem desestímulo ao empreendedorismo de Hang ou de qualquer outro empresário.
Não quero, nessas linhas, fazer couro com aqueles que estão dizendo: “já vai tarde”. Não, nada disso!
Quero que Hang fique e continue a empreender. Até porque, ele perderá uma grande oportunidade de continuar crescendo.
Ademais, se deixar o Brasil e o seu grande mercado, o bilionário poderá cair no esquecimento, pois deixará espaço para que outras gigantes do varejo ocupem o seu lugar.
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente. Quem sobrevive é o mais disposto à mudança” – Charles Darwin