A campanha eleitoral começou oficialmente em Mato Grosso do Sul com cinco dos oito candidatos a governador com chance de chegar ao segundo turno. No cenário mais pulverizado em 40 anos de história, o candidato de Reinaldo Azambuja (PSDB), Eduardo Riedel patina nas pesquisas, apesar da megaestrutura. Apesar das denúncias, André Puccinelli (MDB) e Marquinhos Trad (PSD) travam uma batalha particular pela liderança nas pesquisas.
A deputada federal Rose Modesto (União Brasil) e o deputado estadual Capitão Contar (PRTB) não só viabilizaram a candidatura, apesar da boataria, como estão no páreo e na briga por uma vaga no segundo turno. Os eleitores do bolsonarista são os mais apaixonados da atual campanha.
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Nem a advogada Giselle Marques (PT), como candidata da federação com o PV e o PCdoB, pode ser desprezada, considerando-se que é a única a dar palanque para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidenciável petista tem oscilando entre 30% e 35% no Estado e não é um cabo eleitoral de se desprezar.
Desde a redemocratização do Estado, a disputa sempre foi marcada por dois candidatos a governador. A única exceção foi 1998, quando três candidatos chegaram com chances de ir ao segundo turno: Pedro Pedrossian, Zeca do PT e Ricardo Bacha.
O ex-governador André Puccinelli vem mantendo a liderança nas pesquisas e é apontado com o adversário dos sonhos no segundo turno. Apesar de ter sido preso por cinco meses em 2018 e alvo de várias ações na justiça estadual e federal na Operação Lama Asfáltica, o emedebista não é alvo de ataques e vem construindo a defesa de que foi vítima de perseguição política.
Deputado estadual, deputado federal, prefeito da Capital e governador do Estado por dois mandatos, Puccinelli vem fazendo campanha em todos os municípios e dá como certa a sua chegada ao segundo turno. Só não dá para dizer que está esperando o adversário de camarote, porque a vantagem nas pesquisas não é expressiva, como ocorreu em outros anos em que disputou e acabou vencendo no primeiro turno, com exceção de 1996, quando venceu Zeca do PT no segundo turno pela memorável vantagem de apenas 411 votos.
Marquinhos vem mostrando resiliência apesar da ofensiva da Polícia Civil no inquérito sobre assédio sexual. O ex-prefeito vem conseguindo manter o segundo ou o primeiro lugar nas pesquisas com a narrativa de que é vítima de perseguição política por parte da gestão do PSDB, que controla a segurança pública.
O candidato a governador do PSD tem apostado nos programas e projetos realizados em Campo Grande para levar para o interior do Estado. Para reconquistar o eleitorado feminino, ele aposta na candidata a vice-governadora, a médica Viviane Orro (PSD).
Rose realizou um evento de relançamento da campanha neste sábado e reuniu milhares de eleitores em evento em Campo Grande. Com o apoio da presidenciável Soraya Thronicke (União Brasil) e do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandettta, ela aposta na estrutura do partido para chegar ao segundo turno.
A deputada enfrentou até o último minuto uma boataria de que desistiria da disputa em troca de uma vaga de vice-governadora ou de vaga ao Senado e de apoio para disputar a prefeitura da Capital em 2024. Além de confirmar a candidatura, ela chega à disputa como uma das candidatas a vaga no segundo turno.
Já Capitão Contar aposta em Jair Bolsonaro (PL) para chegar ao segundo turno. Ele divide o apoio do presidente com Riedel. Durante evento em Campo Grande, Bolsonaro declarou que apoia dois candidatos a governador no Estado. Ao visitar a Capital, o filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro proibiu que os dois candidatos participassem dos eventos.
No entanto, Contar vem fazendo a divulgação do material de campanha ao Governo com o lema “capitão cá, capitão lá”. Ele colou em Bolsonaro e tem feito sucesso junto aos bolsonaristas. O êxito pode ser medido na pesquisa do Instituto Paraná, que o colocou na frente de Riedel e de Rose.
Mesmo contando com o apoio do governador Reinaldo Azambuja e de 73 dos 79 prefeitos, segundo a assessoria, Riedel não decolou nas pesquisas e continua brigando pelo 4º lugar com Rose e Capitão Contar. O ex-secretário tem apostado na ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP), do Centrão, para subir nas pesquisas, fazendo um movimento contrário ao habitual, onde o candidato a governador transfere votos para o postulante ao Senado.
Nas redes sociais, os vídeos e fotos de Capitão Contar possuem mais curtidos e engajamento. Em 48 horas, por exemplo, o vídeo do deputado estadual teve 1,5 mil curtidas, enquanto o de Marquinhos ficou com 503, o de André com 442, o de Riedel com 280 e de Rose com 198.
Nas últimas eleições, os candidatos que estavam em primeiro e segundo lugar nesta altura da campanha chegaram ao segundo turno. Em 2018, conforme os institutos Ranking, IPR e Ibope, o juiz federal Odilon de Oliveira (PSD) e Reinaldo Azambuja estavam entre os dois primeiros nas pesquisas. Eles foram para o segundo turno.
O mesmo ocorreu em 2014, quando Delcídio do Amaral e Reinaldo estavam em primeiro e segundo lugar nas pesquisas e foram para o segundo turno. Nelsinho Trad, na época no MDB, estava em 3º e ficou fora do segundo turno.
A campanha começou oficialmente com os candidatos podendo pedir votos desde o dia 16 deste mês. Na próxima sexta-feira (26), começa o horário eleitoral. Riedel terá o maior tempo, 3 minutos e 41 segundos, para defender o legado do PSDB e de Reinaldo.
Rose terá o segundo maior tempo, com dois minutos e três segundos. Giselle terá a o terceiro maior tempo para colar em Lula e relembrar as realizações petistas, como os programas sociais e a conclusão das obras deixadas por Pedrossian.
Marquinhos ter um minuto e 24 segundos para mostrar as realizações na Capital. André terá tempo de 59 segundos, só maior que o candidato Adonis Marcos (PSOL), com 20 segundos, e de Capitão Contar, que terá o menor tempo, 16 segundos.
No entanto, o horário eleitoral perdeu relevância com as redes sociais e grupos de aplicativos. Ele ajuda, mas não terá o mesmo papel decisivo que teve em outras eleições.
O tempo de cada um no horário eleitoral gratuito
- Eduardo Riedel (PSDB) – 3 minutos e 41 segundos
- Rose Modesto (União) – 2 minutos e 3 segundos
- Giselle Marques (PT) – 1 minuto e 24 segundos
- Marquinhos Trad (PSD) – 1 minuto e 14 segundos
- André Puccinelli (MDB) – 59 segundos
- Adônis Marcos (Psol) – 20 segundos
- Capitão Contar (PRTB) – 16 segundos