A Polícia Civil realizou, na manhã desta terça-feira (9), operação com várias viaturas para apreender dois computadores e conhecer o gabinete do prefeito de Campo Grande. O objetivo é dar visibilidade à investigação que corre em “segredo de Justiça” por assédio sexual contra o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD). O candidato a governador vê ação “midiática” da gestão do PSDB para prejudicar sua campanha.
Em entrevista na manhã de hoje, a advogada Andréia Flores previu que a operação será um tiro no pé. “Para a defesa, a operação é produtiva porque vai provar que as vítimas de papel nunca estiveram na prefeitura”, garantiu a defensora. A criminalista disse que são de papel porque as mulheres teriam inventado, na sua versão, de que tiveram relações sexuais com o então prefeito no gabinete.
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As viaturas da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) chegaram às 6h para cumprir os mandados de busca e apreensão no primeiro andar, onde fica o setor financeiro, e no gabinete da prefeita Adriane Lopes (Patriotas).
Conforme a delegada Maíra Pacheco Machado, da Deam, o objetivo visa colher elementos importantes para a investigação. Os computadores apreendidos registram a entrada de pessoas no gabinete e no Paço Municipal.
“Viemos também fazer o reconhecimento dos locais mencionados pelas vítimas. Quando é local de crime, a gente aciona perícia técnica”, contou a delegada sobre o gabinete, onde supostamente ocorreram algumas das relações.
“Mesmo feita de forma midiática, com presença de diversas viaturas da polícia, para prejudicar a candidatura ao Governo do Estado de Marquinhos Trad (PSD), a operação desta terça-feira vai favorecer a defesa, pois comprovará que algumas das supostas vítimas nunca estiveram na Prefeitura Municipal de Campo Grande, evidenciando a armação em curso”, afirmou o ex-prefeito, em nota à imprensa.
Para a advogada Andréia Flores, “Marquinhos Trad é vítima de uma ação orquestrada para atingir sua candidatura” ao Governo. Na sua avaliação, o tempo da investigação vai ser definido conforme o calendário eleitoral.
“O movimento começou na pré-campanha, quando um grupo que quer minar a candidatura do ex-prefeito cooptou mulheres para prestarem falsas denúncias de assédio sexual. A defesa tem evidências, registradas por uma das denunciantes em cartório, que comprovam a armação”, destacou.
De acordo com a advogada, Marquinhos confirma relações sexuais com algumas mulheres, que teriam confirmado esta versão na delegacia ao admitirem que o relacionamento foi consensual. Neste caso, conforme a defensora, não há crime.
Outras mulheres, conforme Andréia Flores, não tiveram contato com o ex-prefeito e teriam inventado a denúncia de assédio para prejudicar a campanha de Marquinhos a governador.
Não é a primeira vez que uma investigação policial interfere na disputa pelo Governo de Mato Grosso do Sul. Em 2018, em julho, o ex-governador André Puccinelli (MDB), liderava as pesquisas e foi preso após ser preso junto com o filho acusado de desviar recursos públicos. O emedebista vem ressaltando que foi vítima de injustiça e perseguição política.
Há quatro anos, Reinaldo Azambuja (PSDB) acabou sendo reeleito governador no segundo turno ao vencer o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PSD). Na época, o magistrado também foi acusado de delação registrada em cartório no interior de São Paulo, que mesmo recusada pelo Ministério Público Federal, acabou sendo manchete da Folha de São Paulo e explorada pelos jornais locais.
Neste ano, a ofensiva contra Marquinhos, que liderava as pesquisas divulgadas por alguns institutos, ocorre diretamente pela Polícia Civil, comandada pelo PSDB. A delegada garante ter ouvido 16 vítimas do suposto assédio. O ex-prefeito negas as acusações.
De acordo com a advogada de defesa, não está caraterizado assédio e o MPE terá dificuldade em tipificar o crime para denunciar o ex-prefeito.