*Por Richelieu de Carlo
A advogada Giselle Marques, 54 anos, foi oficializada como candidata pelo Partido dos Trabalhadores ao Governo do Estado, em convenção realizada neste sábado (30). Em discurso emocionado, a petista revelou que as filhas foram contra sua candidatura, mas disse que não poderia “ficar de braços cruzados, enquanto o fascismo é implantado” no Brasil. Ela prometeu fortalecer os programas de saúde da família e de habitação popular e expandir a Casa da Mulher Brasileira às principais cidades do interior de Mato Grosso do Sul.
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Giselle, que também é professora universitária, doutora em Direito e pós-doutora em desenvolvimento regional, já foi superintendente do Procon-MS, entre 2004 e 2007, e vai tentar ser a primeira mulher a governar o Estado, um tabu que já dura mais de 40 anos. Como não poderia deixar de ser, a participação feminina na política foi um dos destaques de seu discurso para uma plateia de militantes do PT, que lotou o plenário da Câmara de Vereadores de Campo Grande.
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“Vou começar minha caminhada por Mundo Novo, onde assassinaram a prefeita Dorcelina Folador. Ela foi assassinada na varanda da sua casa porque defendia a reforma agrária, porque defendia inclusão social, porque ela foi uma mulher que ousou ocupar o espaço público. E mulher no espaço público incomoda. Mulher no espaço público é mal vista. Mulher no espaço público é acusada de trisal, como fizeram com a companheira Camila Jara [única vereadora da Capital, que tem 29 cadeiras na Câmara]”, discursou Giselle.
Diante da preocupação com a violância durante a campanha, causada principalmente pelo discurso de ódio do presidente Jair Bolsonaro (PL), a advogada revelou que quando foi convidada pela direção do PT para ser candidata a governadora, suas três filhas pediram para que ela não aceitasse. “Elas diziam ‘mãe, nós temos medo da sua segurança. Mãe, a gente teme pela sua vida’. Eu tenho medo, mas eu tenho mais medo de ficar em casa vendo televisão de braços cruzados enquanto o fascismo é implantado neste país”, relatou Giselle.
Nascida em Campo Grande, mas criada em Corumbá, Giselle é filiada ao PT desde 1986 e disse que sua bandeira é a defesa ambiental e dos direitos humanos. Afirmou que vai combater o agronegócio “que polui, que destrói o meio ambiente”. “Vou proibir soja no Pantanal”, disparou. E que vai apoiar o agronegócio sustentável.
A candidata petista avalia que estão “privatizando” o SUS (Sistema Único de Saúde) em Mato Grosso do Sul. “Estão entregando o dinheiro à iniciativa privada”, disse. E caso seja eleita, vai impedir que isso aconteça.
Prometeu levar a Casa da Mulher Brasileira, espaço de acolhimento e atendimento humanizado às mulheres em situação de violência, para as cidades polo do Estado, como Corumbá, Dourados e Três Lagoas. “Para que as mulheres vítimas da violência tenham a proteção que deve do governo brasileiro”. Lembrou, também, que Campo Grande foi a primeira cidade do país a receber uma Casa da Mulher, na gestão da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2013, porque “somos o estado campeão em estupros e feminicídio”.
Giselle disse que vai recuperar a malha ferroviária de MS, com criação de rotas de turismo com passagem pelos territórios indígenas e assentamentos, para estimular a economia nestes locais. E também que vai lutar para que o povo “volte a ter justiça social, emprego e renda”.
A convenção do PT contou com a presença do deputado federal Vander Loubet, dos deputados estaduais Pedro Kemp e Amarildo Cruz, e dos vereadores Camila Jara e Ayrton Araújo, entre dirigentes e lideranças do interior do estado.
O evento foi marcado por apresentações culturais, discursos a todo momento que enalteciam o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e críticas à gestão Bolsonaro, acusado de deixar o povo morrer de covid durante a pandemia – o ex-deputado estadual Cabo Almi, que perdeu a vida para a doença, foi homenageado – e fazer o país retonar ao mapa da fome no mundo.
“Reconstruir o Brasil passa pelas eleições de 2022, com a eleição de Lula a presidente. Viver está caro e a culpa é de Bolsonaro”, discursou Tiago Botelho, candidato ao Senado.
A chapa conta com apoio do PV e do PCdoB, que integram a federação formada com o PT. O candidato a vice não foi anunciado, mas a expectativa é que seja algum representante do interior, tendo como mais cotado o ex-prefeito de Dourados Laerte Tetila.
Foram anunciados os vinte nomes que vão disputar vagas como candidatos a deputados estaduais e cinco para deputados federais. No primeiro grupo, o nome mais ilustre é o do ex-governador Zeca do PT, que não esteve presente na convenção por estar em agenda no interior. A expectativa é que ele tenha votos suficientes para eleger quatro deputados petistas na Assembleia Legislativa.
Inclusive, Giselle voltou a lamentar a judicialização da política, já que esta foi a causa da retirada da candidatura a governador de Zeca, condenado por improbidade administrativa em um julgamento conduzido pelo desembargador Sérgio Martins, mas a condenação foi suspensa no Superior Tribunal de Justiça.
Também foi confirmada, por unanimidade, a candidatura ao Senado do professor Tiago Botelho, tendo como primeira suplente a ex-secretária estadual de Assistência Social e do Trabalho Eloísa de Castro Berro e o empresário de Corumbá Bruno Migueis, como segundo suplente.
A disputa ao Governo do Estado tem oficialmente como postulantes a deputada federal Rose Modesto (União Brasil) e do líder sem-terra e bacharel em Direito Adonis Marcos de Souza, do PSOL.
Ainda neste sábado, o PSD oficializou a candidatura de Marquinhos Trad e, no último dia, 5 de agosto, estão previstas as convenções para oficializar as candidaturas de André Puccinelli (MDB), do ex-secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel (PSDB) e do deputado estadual Capitão Contar (PRTB).