O deputado federal Fábio Trad (PSD) pediu para o Ministério Público Estadual investigar a suposta ameaça feita pelo secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, contra o irmão, o ex-prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD). Na versão do parlamentar, o candidato a governador passou a ser vítima de armação, das supostas acusações de assédio sexual, após conversa polêmica em aplicativo com o delegado.
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Além disso, em outra frente, o senador Nelsinho Trad (PSD), vai pedir ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, proteção da Polícia Federal para o candidato e sua mãe de 86 anos, que estariam sofrendo ameaças. O parlamentar é próximo da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).
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O clima de tensão marcou o início da campanha eleitoral em Mato Grosso do Sul, já considerado um dos mais tensos na história. Após o encaminhamento da Corregedoria-Geral da Polícia Civil, a Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) instaurou inquérito para apurar denúncias de assédio sexual contra Marquinhos.
Inicialmente, quatro mulheres relataram que procuraram o prefeito em busca de emprego e duas acabaram mantendo relações consensuais com o então prefeito. Uma terceira contou que chegou a ir ao banheiro, mas desistiu e não houve relação sexual.
Desde que a história se tornou pública, conforme a polícia, nove mulheres formalizaram denúncia contra o candidato, inclusive fatos ocorridos em 2005, quando ele era vereador. Marquinhos nega o crime de assédio e que houve relação no gabinete de prefeito.
Na terça-feira, uma estudante de 20 anos contou que recebeu R$ 2 mil para mentir à delgada Maíra Machado, da Deam, e acusar Marquinhos de assédio sexual. Ela contou que foi cooptada pelas outras três mulheres, que também teriam recebido dinheiro para registrar os boletins de ocorrência.
Após a divulgação do depoimento registrado em cartório, a jovem registrou boletim de ocorrência que estaria sendo ameaçada pelas “colegas”. Elas a estariam pressionando porque a delegada do caso estaria desesperada.
Em meio as versões, a revista Veja divulgou que Marquinhos teria sido ameaçado por Videira. O secretário promete, em conversa de WhatsApp, acabar com a tranquilidade do ex-prefeito caso ele não deixasse a segurança pública em paz.
Com base nessas revelações, Fábio Trad representou contra o secretário de Segurança Pública no MPE. “Após este comentário, a vítima passou a sofrer ameaças pelo então Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, via aplicativo de mensagem WhatsApp, que dentre alguns trechos destaca-se o seguinte: ‘Não bata na segurança pública que tudo pode continuar bem’”, citou o deputado federal na representação protocolada ontem.
Ele destacou outras frases de Videira, como “Só precisamos alinhar as falas sobre a segurança pública daqui para frente”. “Diante da inércia da vítima, com relação ao pedido de retratação supramencionado, o mesmo começou a sofrer acusações caluniosas, por suposta prática de delito de assédio sexual”, afirmou Fábio.
“A vítima é ex-Prefeito da Cidade de Campo Grande/MS e pré-candidato a Governador do Estado de Mato Grosso do Sul, e acredita que referidas acusações foram arquitetadas para prejudicar a sua candidatura”, afirmou.
“Em razão da aparente gravidade dos fatos noticiados, o representante entende que deve esta Procuradoria de Justiça promover as investigações republicanamente necessárias, não concebendo qualquer obstáculo para tanto”, solicitou.
“Assim, ante a comprovação da autoria e materialidade da conduta externada pelo representado, este ora representante requer à apuração da grave conduta criminosa praticada pelo Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul”, pediu.
Além disso, na próxima terça-feira, Nelsinho vai pedir proteção ao irmão e à mão ao ministro da Justiça e Segurança Pública. Para Fábio, que foi presidente da OAB/MS, a situação é muito grave.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que assumiu o comando do partido e a missão de eleger o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel, como sucessor, negou atuação política do Governo para prejudicar o adversário no caso. “É caso de polícia e as investigações vão apontar se são verdadeiras ou não”, afirmou o tucano.
“Toda denúncia tem de ser investigada. Isso não é um caso de política, é caso de polícia, que tem de apurar as denúncias feitas por várias mulheres que procuraram os canais da Sejusp. Não vamos fazer julgamento de ninguém. Quem condena, diferente do que já disse o próprio ex-prefeito, que dia desses numa reunião em um frigorífico me chamou de corrupto e criminoso, é a Justiça”, afirmou Reinaldo.
O Jacaré não conseguiu falar com Videira.