No artigo “Extrema canalhice”, o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PSD), vê como parte de uma estratégia eleitoral as denúncias de assédio sexual feitas contra o pré-candidato a governador, Marquinhos Trad (PSD). “Essa postura quadrienal merece o nome de extrema canalhice, ainda mais quando os ofensores se valem de mulheres, desempregadas e necessitadas, como objeto para operacionalizar a captação de votos mediante esse tipo de postura”, acusa o magistrado, que é pre-candidato a senador na chapa do ex-prefeito.
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“Estou em calmaria, em paz, há quatro anos, desde a campanha de 2018, para governador, quando minha honra foi alvo de seguidos e pesados ataques”, relembra, para citar, em seguida, o uso da delação premiada do ex-chefe de gabinete, Jedeão de Oliveira, que foi rejeitada pelo Ministério Público Estadual, mas acabou sendo usada como munição de campanha pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
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“Naquele ano, enfrentando a máquina do Estado, experimentei ataques de toda ordem. Ex-servidor da Justiça Federal, à época, por mim demitido há dois anos, cooptado e certamente muito bem pago, fez-me pesadas acusações através da Folha de São Paulo, onde meia página de matéria custa uma fortuna. Diversas ofensas foram vomitadas também sobre a mesa da imprensa local, tudo viralizando”, relembrou.
“Diante desse cenário, o uso da mulher, mediante pagamento, como munição para alvejar a reputação alheia, ainda mais em período eleitoral, é mesmo uma canalhice”, acusou juiz Odilon.
Em seguida, ele destacou outros ataques que sofreu na campanha eleitoral. “Notícias falsas eram plantadas também em jornais do Paraguai, sobretudo no de maior circulação, depois, amplamente reproduzidas pela imprensa local. Fizeram montagem com fotografias como se eu estivesse ao lado de um traficante internacional e afirmaram, na imprensa paraguaia, que filhos meus tinham recebido dinheiro de traficantes daquele país”, lamentou.
“No segundo turno de 2018, graças a aviso feito por um promotor de Justiça, foi abortado um plano semelhante ao que hoje é veiculado. Uma mulher iria à televisão declarar ser amante do juiz Odilon, o que, se concretizado, teria atingido a honra do então candidato e de sua família”, contou.
“Trata-se, sem dúvida, de extrema canalhice, praticadas apenas em ano de eleição. É uma prática quadrienal, numeral muito parecido com o vocábulo quadrilha”, acusou o juiz.
Em seguida, Odilon analisa a denúncia contra Marquinhos. “Abrir inquérito policial para apurar um fato é procedimento normal, desde que não haja condimento político, como parece existir no caso envolvendo Marquinhos Trad. Para quem tem vivência na esfera criminal, há muitas suspeitas nisso. Quatro mulheres compareceram juntas, todas narrando a mesma versão”, pontua.
“Como e onde se conheceram? Quem as uniu? Por que compareceram diretamente à Corregedoria, cúpula disciplinar da Polícia Civil, e não à Delegacia da Mulher, como se a delegada não merecesse confiança? Por que somente agora vem a revelação, com modus operandi de prévia combinação, exatamente quando o alvo é o líder nas pesquisas?”, questionou.
“O ex-prefeito Marquinhos Trad deixou o cargo há quase 4 meses. Um dos casos teria ocorrido há 17 anos, em 2005. Logo, há espaço para se suspeitar da justificativa de medo de represália. E se o candidato, líder nas pesquisas, for eleito governador, daqui a apenas 3 meses, não haveria represália?”, pergunta o magistrado.
Confira o artigo na íntegra:
“Extrema canalhice
Odilon de Oliveira
Estou em calmaria, em paz, há quatro anos, desde a campanha de 2018, para governador, quando minha honra foi alvo de seguidos e pesados ataques.
O pré-candidato Marquinhos Trad, líder nas pesquisas para governador, vem sendo alvo de graves ofensas, extensivas à sua família. Essa postura quadrienal merece o nome de extrema canalhice, ainda mais quando os ofensores se valem de mulheres, desempregadas e necessitadas, como objeto para operacionalizar a captação de votos mediante esse tipo de postura.
Aliás, mulheres, no Brasil, são empregadas como ‘mulas’, para o transporte de cocaína, como instrumento de enriquecimento ilícito, quando, exercendo o mesmo emprego, ganham menos do que os homens. O Brasil tem 49 mil mulheres em suas prisões, a maior parte cooptada por traficantes de droga.
Diante desse cenário, o uso da mulher, mediante pagamento, como munição para alvejar a reputação alheia, ainda mais em período eleitoral, é mesmo uma canalhice.
Naquele ano, enfrentando a máquina do Estado, experimentei ataques de toda ordem. Ex-servidor da Justiça Federal, à época, por mim demitido há dois anos, cooptado e certamente muito bem pago, fez-me pesadas acusações através da Folha de São Paulo, onde meia página de matéria custa uma fortuna. Diversas ofensas foram vomitadas também sobre a mesa da imprensa local, tudo viralizando.
É óbvio que havia finalidade eleitoreira, ainda mais porque o Juiz Odilon, no segundo turno, liderava nas pesquisas. No ano seguinte, a Justiça Federal condenou esse ex-servidor a 41 anos de prisão (processo n. 00078220420164036000), mas o estrago eleitoral e moral já havia ocorrido.
Notícias falsas eram plantadas também em jornais do Paraguai, sobretudo no de maior circulação, depois, amplamente reproduzidas pela imprensa local. Fizeram montagem com fotografias como se eu estivesse ao lado de um traficante internacional e afirmaram, na imprensa paraguaia, que filhos meus tinham recebido dinheiro de traficantes daquele país.
Na madrugada da eleição do segundo turno, um filho meu, então vereador, gritava dentro de casa, fazendo uma selfie na sala, em frente a um quadro dos pais, para provar que estava em nossa residência, e não preso por suposta compra de votos para o candidato Juiz Odilon, como constava de matéria falsa, viralizada na imprensa local. Ao final da votação, o prejuízo já havia se consumado.
No segundo turno de 2018, graças a aviso feito por um promotor de Justiça, foi abortado um plano semelhante ao que hoje é veiculado. Uma mulher iria à televisão declarar ser amante do juiz Odilon, o que, se concretizado, teria atingido a honra do então candidato e de sua família.
Trata-se, sem dúvida, de extrema canalhice, praticadas apenas em ano de eleição. É uma prática quadrienal, numeral muito parecido com o vocábulo quadrilha.
Abrir inquérito policial para apurar um fato é procedimento normal, desde que não haja condimento político, como parece existir no caso envolvendo Marquinhos Trad. Para quem tem vivência na esfera criminal, há muitas suspeitas nisso. Quatro mulheres compareceram juntas, todas narrando a mesma versão. Como e onde se conheceram? Quem as uniu? Por que compareceram diretamente à Corregedoria, cúpula disciplinar da Polícia Civil, e não à Delegacia da Mulher, como se a delegada não merecesse confiança? Por que somente agora vem a revelação, com modus operandi de prévia combinação, exatamente quando o alvo é o líder nas pesquisas?
O ex-prefeito Marquinhos Trad deixou o cargo há quase 4 meses. Um dos casos teria ocorrido há 17 anos, em 2005. Logo, há espaço para se suspeitar da justificativa de medo de represália. E se o candidato, líder nas pesquisas, for eleito governador, daqui a apenas 3 meses, não haveria represália? O poderio de um governador é incomparavelmente maior do que o de um simples prefeito, que sequer comanda contingente policial.
Esse caldo está repleto de condimentos de verdadeira torpeza, que embrulha o estômago da democracia”.
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