Políticos de Mato Groso do Sul condenaram o assassinato do guarda municipal e petista Marcelo Aloizio de Arruda, 50 anos, na madrugada de domingo em Foz do Iguaçu (PR), morto a tiros pelo policial penal federal e bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho.. Para evitar uma tragédia nas eleições deste ano, parlamentares e candidatos pediram o fim do ódio, respeito às divergências e até responsabilizaram o presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo homicídio.
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Candidata a governadora pelo PT, a advogada Giselle Marques afirmou que teme pela vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera todas as pesquisas eleitorais publicadas até o momento. A exceção foram os bolsonaristas, que tentaram responsabilizar a esquerda pela violência.
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O episódio ocorreu por volta da meia-noite de sábado. Guaranho teria se revoltado pela temática da festa ter sido em homenagem a Lula. Arruda é do PT e foi candidato a vice-prefeito da cidade pelo partido em 2020. Ele reagiu ao ataque e acabou baleando Guaranho, que permanece internado no hospital de Foz do Iguaçu.
“Adversário não é inimigo. Que o caso de Foz do Iguaçu/PR faça soar o alerta definitivo. Não podemos admitir demonstrações de intolerância, ódio e violência política. Me solidarizo com as famílias de ambos. Esse tipo de conflito nos ameaça enormemente como sociedade”, afirmou a senadora Simone Tebet, candidata a presidente da República pelo MDB.
“É contra isso que luto e continuarei lutando. Tenho certeza que nós, brasileiros, temos todas as condições de encontrar um caminho de paz, harmonia, respeito, amor e dignidade humana para reconstruir o Brasil”, destacou a emedebista em postagem no Twitter.
“Vejam o que o discurso de ódio faz. A política é o espaço para o debate de ideias e propostas. Onde entra a violência acaba a racionalidade e a discussão de projetos. Lamentável”, ressaltou o deputado estadual Pedro Kemp (PT).
“Hoje o PT amanheceu de luto. Estamos enterrando nosso companheiro Marcelo Arruda, barbaramente assassinado pelo fato de ser petista. Toda a nossa solidariedade à família enlutada. Tememos pela Democracia, seriamente ameaçada”, lamentou Giselle, que é candidata a governadora pelo PT. “Tememos pela vida do Lula. Estamos lançando a campanha #lulavivo”, pediu a candidata, que teme um atentado contra o ex-presidente da República.
“Marcelo foi vítima de um agente penal bolsonarista, embalado pelo discurso de ódio e de uso de armas de fogo propagado pelo atual presidente da República, que implantou no Brasil um projeto de morte, intolerância e destruição”, afirmou o deputado federal Vander Loubet (PT), atribuindo a Bolsonaro responsabilidade pelo assassinato.
“O Brasil precisa recuperar a capacidade de diálogo e de respeito às diferenças. O Brasil precisa recuperar a paz social. E isso só será possível a partir do momento em que tirarmos da Presidência esse projeto de ódio e intolerância que lá se instalou”, pediu o petista.
Candidato a senador pelo PT, o advogado e professor universitário Tiago Botelho também responsabilizou o atual presidente pela tragédia. “’Vamos fuzilar a petralhada’, disse publicamente Bolsonaro em 2018. Ontem, em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, teve seu fuzilamento por comemorar o aniversário com festa temática do PT e do Lula. A intolerância e o ódio na política brasileira tem nome: Bolsonaro!”, acusou o petista.
“Uma tragédia que põe em xeque o futuro da nossa democracia. Uma vida roubada pelo ódio político. Exige-se que o Estado brasileiro intervenha para evitar que se proliferem cemitérios de mortes políticas, já que se dependermos do governo, mais tiros serão disparados”, cobrou o deputado federal Fábio Trad (PSD).
No mesmo sentido houve a manifestação da senadora Soraya Thronicke (União Brasil), que apoiou a eleição de Bolsonaro. “Repito: os líderes políticos DEVEM repudiar com veemência esses atos abomináveis de seus apoiadores. É inaceitável o que está acontecendo”, cobrou a parlamentar.
Soraya convocou os políticos a repudiarem com veemência “esses atos abomináveis de seus apoiadores”. Em uma postagem, a senadora elencou os casos de violência que devem ser condenados, como a facada de Bolsonaro em 2018, a invasão do Capitólio pelos apoiadores de Donald Trump em 2021, o assassinado do ex-premiê do Japão, Shinzo Abe, e a bomba durante evento de Lula no Rio.
Ela defendeu que os líderes “puxem as orelhas” dos seus apoiadores para acabar com a violência e garantir a democracia e a paz nas eleições deste ano.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) também condenou o ódio nas eleições. “Na política se pode ter pensamentos divergentes. Você tem a direita, a esquerda, tem o centro. Mas quando se parte para o ódio acontecem fatalidades. Foram cenas tristes para todos nós assistirmos”, comentou, conforme o jornal Correio do Estado.
“Para fazer política, tem que fazer respeitando a diferença. A gente precisa pacificar, estamos nos aproximando de uma eleição. Vamos debater ideias, debater propostas. De forma alguma estimular o ódio”, aconselhou o tucano.
Os defensores de Bolsonaro tentaram minimizar o caso. Em postagem no Facebook, Loester Trutis (PL) disse que o presidente tem razão em repudiar todo ato de violência porque a prática, na sua opinião, é comum na esquerda.
“A violência nunca tem justificativa, toda explicação e apoio para tal é vazia e absurda. Não há sustentação nas palavras de um ex-presidente que apoia outro petista processado por tentativa de homicídio por motivo torpe e cruel”, postou Dr. Luiz Ovando (PP), do Centrão, mas para condenar Lula por homenagear um seguidor que agrediu um empresário em 2018 quando foi preso. O deputado não se manifestou sobre o assassinato em Foz do Iguaçu.