A prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo (PP), vai reduzir em 24% o salário dos professores temporários por falta de dinheiro para pagar o piso nacional do magistério. No entanto, sábia como muito político brasileiro, ela encontrou dinheiro para contratar shows para a realização da 1ª Festa Junina da cidade, que começou na quarta-feira (15) e termina neste sábado.
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A revolta de parte da população se manifestou na apresentação do grupo Raça Negra, na noite de quarta-feira (15), que custou R$ 278,5 mil aos cofres municipais, segundo o jornal Midiamax. Ao pegar o microfone para cantar, Vanda enfrentou uma sonora vaia da plateia. Nem todo mundo caiu na estratégia do circo da progressista.
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O dinheiro foi repassado para o Sindicato Rural, que promove a festa no Parque de Exposições da cidade. A festa tem o grupo Sampri e a dupla sertaneja Wilson e Cristiano nesta sexta-feira e Chicão Castro e Betinho amanhã.
“Todo o evento foi pensado para agregar e trazer diversão para a cidade e nossas crianças. É uma festa que será tradicional em Sidrolândia e passa a fazer parte do calendário oficial do município”, justificou a prefeita. “Investir na cultura é fundamental e os eventos fazem parte disso, pois movimenta o nosso comércio local, aquece nossa economia e todo mundo ganha”, completou.
Se por um lado garante a diversão dos pequenos, a prefeita parece não priorizar a educação nem o futuro das crianças de Sidrolândia. Nesta semana, os vereadores aprovaram o seu projeto, que segue o exemplo do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), e reduz em 24% o salário pago aos professores convocados.
Em média, o valor pago aos docentes sem concurso público terá redução de R$ 737 por mês – quase um salário mínimo. Em julho de 2019, a gestão do PSDB aprovou maldade semelhante ao reduzir em 32% valor pago aos 9 mil professores temporários. Para shows sertanejos, Reinaldo também teve dinheiro, considerando-se que já pagou mais de R$ 13 milhões em sete anos de mandato.
Ao Campo Grande News, prefeita justificou a redução nos salários dos professores. “O município vem dialogando e conversando com o sindicato no que tange ao reajuste. A diferença entre efetivo e comissionado sempre existiu. Já garantimos 11,99% e eles querem 33,24%. Não teria índice suficiente para atender toda a reivindicação da classe e por isso teve que fazer cortes e um desses foi dos professores temporário”, explicou-se, por meio da assessoria.
De acordo com a prefeitura, os professores concursados terão reajuste de 51,3% nos salários para garantir o pagamento do piso nacional de R$ 3,8 mil, aprovado em janeiro deste ano pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao O Jacaré, a assessoria completou “O salário do professor, sem formação universitária, os antigos normalistas, recebem R$ 5.072,76 pela jornada de dois turnos, R$ 2.536,38, por período. O ranking salarial é liderado pela rede estadual de ensino, cujos professores têm piso de R$ 5.567,76”, informou, citando o ranking da Fetems, O valor é para professor aprovado em concurso público.
“Dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, 42 cumprem a lei do Piso Nacional, que para este ano foi fixado em R$ 3.845,63 para jornada de 40 horas. Em Sidrolândia o salário inicial do professor com curso superior é de R$ 3.044,00, para 20 horas semanais’, pontuou.
Ao priorizar a realização de shows caríssimos com artistas nacionais, Vanda tira o dinheiro da educação, que poderia garantir um futuro promissor ao município. É a velha máxima da política tupiniquim, de que pão e circo garante o sucesso dos políticos, mas perpetuam a miséria do povo.
O Brasil só vai mudar quando seguir exemplo de outros países, como Coreia do Sul e Japão, de que só há futuro para quem investe em educação.
Sidrolândia tem mais de 60 mil habitantes. Cidades mais pequenas gastaram ainda mais com festas. Vicentina vai desembolsar R$ 650 mil com shows sertanejos, mesmo tendo para apenas 12 % da população local, segundo o IBGE. Jateí tem um terço dos moradores na miséria, mas vai gastar R$ 625 mil com shows.
A pergunta que nunca se cala, quando o Brasil vai mudar?