Cassar o mandato de João Alfredo Danieze (PSOL) se transformou em obsessão dos vereadores de Ribas do Rio Pardo, a 100 quilômetros de Campo Grande. Empossados há pouco mais de um ano, os parlamentares criaram, na terça-feira (10), a 4ª Comissão Processante com o objetivo de apear o prefeito do cargo e manter a fama do município de instável politicamente, mesmo diante do investimento bilionário da celulose.
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Pelo placar de 7 a 2, o legislativo aprovou o requerimento para apurar a denúncia protocolada, novamente, pelo vereador Nego da Borracharia (PSD). Ele acusa o chefe do Executivo de causar prejuízo de R$ 300 mil aos cofres municipais por meio do contrato feito com a Tec Faz. A construtora teria recebido mais de R$ 800 mil do município.
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No início deste ano, Nego da Borracharia já tinha proposta a comissão para cassar o mandato do prefeito. No entanto, a Justiça acabou suspendendo a comissão após o advogado André Borges apontar falha no trâmite. O suplente do autor do pedido não tinha sido convocado para votar o requerimento.
Desta vez, a Câmara seguiu o regimento e convocou Tomatinho (PSD), o suplente, para votar o requerimento. Além do vereador, votaram a favor da investigação três vereadores do MDB (Edervânia Malta, Luiz do Sindicato e Paulo da Pax), Pastor Isac (PTB), Cascãozinho (PSC), Tânia Ferreira (SD) e Tomatinho.
Apenas dois vereadores foram contra a investigação, Policial Christoffer (PSC) e Rose Pereira (PSOL). A comissão será presidida pelo Pastor Isac e o relator será o policial. O terceiro integrante será o vereador Luiz do Sindicato.
O prefeito lamentou a insistência dos vereadores, que parecem não fazer outra coisa na cidade a não ser buscar meios de lhe cassar o mandato desde a posse. “Com toda certeza (prejudica a cidade)”, ressaltou.
“Gera insegurança e instabilidade”, criticou João Alfredo. Ele lembra que também já enfrentou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar eventuais irregularidades na administração. O turbilhão político ocorreu quando a Suzano investe R$ 15 bilhões para construir a fábrica de celulose, com perspectiva de gerar 10 mil empregos e transformar a economia de Ribas.
Nego da Borracharia se defende das críticas de que não faz outra coisa senão infernizar a vida do prefeito. “Sei que tem pessoas dizendo que eu posso estar impedindo o prefeito de trabalhar ou mesmo que estou atrapalhando o desenvolvimento da cidade. Mas, se formos pensar dessa maneira, então se Ribas está se desenvolvendo, isso dá ao prefeito a autoridade de estar acima da lei? Ele poder fazer o que quiser? Ele pode pintar e bordar?”, afirmou, conforme a assessoria do legislativo.
“Não é assim que funciona! Por várias vezes tentamos conversar com o prefeito a respeito dessa empresa Tec Faz, mas ele sempre fazia pouco caso. Inclusive, ele mesmo já compartilhou em suas redes sociais uma frase do Sérgio Meneguelli [ex-prefeito de Colatina/ES] que diz que prefeito nenhum rouba sozinho, a não ser em comunhão com a Câmara. E cabe à Câmara fiscalizar”, explicou o parlamentar.
Para garantir o êxito da missão, que é cassar o mandato do prefeito, os vereadores buscaram se precaver para evitar falhas legais e evitar que a Justiça volte a suspender a investigação, como ocorreu nas outras três ocasiões.
A primeira Comissão Processante apurou a contratação de uma clínica ligada a secretária municipal de Saúde em abril de 2021, três meses após a posse de João Alfredo. A segunda ocorreu em setembro do ano passado, quando foi acusado de contratar uma empresa de contabilidade fantasma.
A terceira foi em março deste ano sobre o suposto superfaturamento de R$ 300 mil na contratação da empresa de locação de máquinas e caminhões. A mesma denúncia está sendo usada para abrir a 4ª Comissão Processante.
Enquanto os vereadores se locupletam em busca de provas contra o prefeito, Ribas sofre com a falta de infraestrutura para receber os investimentos bilionários, como casa para os trabalhadores.
E os problemas só estão começando em Ribas, considerando-se que em Três Lagoas, que viveu o boom semelhante, houve falta de vagas em escolas, creches, unidades de saúde, segurança …