Enquanto os bilhões da celulose mudam da paisagem à economia, Ribas do Rio Pardo só vê uma coisa permanecer igual “ano sim e ano também”: a turbulência política. No mesmo ritmo em que a cidade ganha os primeiros prédios, vive o boom de empregos, espera o orçamento municipal triplicar e testemunha o total de empresas ser multiplicado por três, a ameaça de cassação paira sobre a prefeitura de Ribas do Rio Pardo.
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Para se ter ideia dessa constância, em abril do ano passado, logo na estreia da gestão, o prefeito João Alfredo Danieze (PSOL) estava na mira da Câmara Municipal para perder o mandato. Em abril deste ano, o cenário se repetiu, dessa vez com nova denúncia.
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Em abril de 2021, a Comissão Processante foi aberta pelos vereadores para apurar denúncia de que a ex-secretária de Saúde, Carolina Bergo Domingues, assinou a contratação da própria clínica médica, sem licitação, para prestar quatro meses de serviço à prefeitura por R$ 567 mil. Do total, mais de R$ 100 mil já teriam sido efetivamente pagos. O prefeito virou alvo por improbidade.
A questão foi parar na Justiça, onde Danieze acumula vitórias. A Vara Única de Ribas do Rio Pardo suspendeu os trabalhos da comissão processante. O juiz Idail de Toni Filho acolheu a justificativa da defesa. O prefeito alegou que a denúncia foi recebida pelos vereadores sem a devida publicidade, como a falta de intimação de Danieze e de seu advogado.
A Câmara ainda recorreu ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), mas o pedido para retomar os trabalhos foi negado.
Neste ano, mais uma comissão foi instaurada. De acordo com denúncia do vereador Álvaro Andrade dos Santos (PSD), conhecido como Nego da Borracharia, o prefeito cometeu crime de improbidade com enriquecimento ilícito de terceiros e infração político-administrativa por negligenciar a gestão do dinheiro público.
O vereador apontou que o prefeito beneficiou indevidamente a empresa Tec Faz Soluções em Projetos Hidráulicos Rurais e Transporte Ltda em locações de máquinas e caminhões para a prefeitura. Mais uma vez, a ação dos vereadores naufragou na Justiça. Em 13 de abril deste ano, o mesmo magistrado suspendeu o processo de cassação contra Danieze.
O cassado – No retrospecto político do município, o ano de 2002 registrou a cassação do então prefeito José Domingues Ramos, o Zé Cabelo (PSDB). Na ocasião, o chefe do Poder Executivo teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral.
A acusação foi de abuso de poder econômico, caracterizado com a distribuição de cestas básicas durante a campanha. Zé Cabelo voltou a comandar Ribas do Rio Pardo em 2012, quando venceu no voto popular.
Dois anos depois, em abril de 2016, o prefeito era alvo de comissão processante pela Câmara Municipal. A denúncia foi de uso de verbas do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) para pagar secretários e até um motorista.
No mesmo ano, o Tribunal de Justiça determinou o fim dos trabalhos da comissão processante contra Zé Cabelo. O então prefeito justificou que o pagamento foi um erro da área de recursos humanos. Em 2020, voltou a ser candidato, mas foi derrotado por Danieze.
Em 2015, o escândalo político foi a farra das diárias, revelada pela Operação Viajantes. Vereadores solicitavam pagamento de diárias, mas sem viajar.
Para viagens dentro de Mato Grosso do Sul, era feito pagamento de R$ 750, já para destinos fora do Estado, a diária era de R$ 1,5 mil. Por conta disso, em nove meses foram gastos cerca de R$ 600 mil pela Câmara somente com diárias.
Dinheiro – A construção da nova fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo terá cerca de 10 mil trabalhadores no pico da obra e, quando a unidade entrar em operação no segundo semestre de 2024, contará com 3 mil colaboradores nas áreas florestal e industrial. A unidade se tornará a maior planta de celulose em linha única do mundo, com o investimento total de R$ 14,7 bilhões .