O ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), descartou ser candidato a vice-presidente da República na chapa liderada pela senadora Simone Tebet (MDB). Como a emedebista também não quer ser vice, a manutenção da briga silenciosa entre os dois pré-candidatos ameaça implodir o projeto de candidatura única para representar a terceira via. E pior, sem que nenhum dos dois decole nas pesquisas.
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Inicialmente, os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PDT), Simone e Doria tinham assumido o compromisso de marcharem unidos para romper a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
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O primeiro a se separar do grupo foi Ciro, que descartou a união para brigar pelos votos da esquerda e centro com Lula. Depois de despencar nas pesquisas, mesmo com ampla exposição na mídia nacional, Mandetta anunciou que não seria candidato a presidente no final do ano passado.
Moro se filiou ao Podemos e começou a percorrer o País como pré-candidato e era o mais bem colocado nas pesquisas entre os nomes da terceira via. No entanto, em março, o ex-juiz trocou o Podemos pelo União Brasil para ser candidato a deputado federal por São Paulo. Ele ensaiou retornar ao projeto presidencial, mas diante da ameaça de ser expulso do partido, Moro ameaça não ser candidato a nada.
Eduardo Leite ameaçou não respeitar as prévias do PSDB e manter a candidatura a presidência com o apoio do ex-senador Aécio Neves. Ele renunciou ao governo gaúcho e começou a percorrer o País. No entanto, a manobra pegou mal entre os formadores de opinião e o ex-governador também abandonou a proposta de ser o nome da terceira via.
O deputado federal Luciano Bivar, presidente nacional do União Brasil, passou a ser o nome da sigla para disputar com Simone e Doria. Na semana passada, o pernambucano comunicou que vai ser candidato a presidente e ponto final, mesmo que não conte com o apoio de emedebistas e tucanos.
O centro democrático passou a contar apenas com Simone e Doria, que, teoricamente contariam com o apoio do MDB, PSDB e Cidadania. A senadora sul-mato-grossense avisou que não vai aceitar ser candidata a vice. Então, caciques passaram a articular a sua candidatura, tendo Doria como candidato a vice-presidente.
Nesta quarta-feira, em declaração ao colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o paulista descartou a possibilidade. “Eu nunca disse que seria ou aceitaria ser vice da Simone. Disse que é preciso definir um critério com base em pesquisa eleitoral de intenção de voto para definir quem deve ser cabeça de chapa”, afirmou, taxativamente.
Com a decisão de Doria, o MDB e o PSDB passaram a ter dois candidatos a presidente. O tucano tem de 2% a 4% nas pesquisas, enquanto Simone oscila entre 0% e 2%. O site O Antagonista definiu bem a situação de ambos: “a briga da turma do 1% é constrangedora”.
Simone e Doria sonham em conquistar os brasileiros, mas não conseguiram conquistar nem os partidários. Levantamento da direção nacional do MDB teria mostrado que 70% dos emedebistas querem apoiar a reeleição de Bolsonaro, um dos principais alvos de Simone na campanha. No PSDB, a articulação é para que Doria não seja candidato a presidente, apenas.