A Petrobras confirmou, em comunicado ao mercado nesta quinta-feira (28), que fracassou o acordo com os russos para a venda da fábrica de fertilizantes em Três Lagoas (MS). A venda chegou a ser festejada em fevereiro deste ano pela ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP), e pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Infelizmente, a obra bilionária vai continuar parada e Mato Grosso do Sul continua sem o investimento de R$ 9 bilhões e a geração dos empregos.
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Lançada na gestão da presidente Dilma Rousseff (PT) para tornar o Brasil autossuficiente na produção de fertilizantes, a unidade de Três Lagoas teve investimentos de R$ 4 bilhões e estava 88% concluída quando foi paralisada com o envolvimento das empresas na Operação Lava Jato.
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Desde a gestão de Michel Temer (MDB), a Petrobras decidiu não retomar a obra e vender a fábrica. O projeto passou a ser oferecido a empresas estrangeiras. A negociação mais avançada foi com o grupo russo Acron. Sem sucesso, a proposta de vender a obra foi mantida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
Só que o grupo russo pretendia pagar pouco pelo projeto e transformá-la em misturadora de fertilizantes. “Essa fábrica está sendo vendida barato, es´ta sendo vendida sem a cláusula exigindo que a compradora termine a fábrica de fertilizantes”, denunciou a senadora Simone Tebet (MDB), que é de Três Lagoas.
Em nenhum momento, Tereza Cristina, então responsável pelo Ministério da Agricultura, desmentiu o rebaixamento da fábrica. “Tem alguma cláusula ali dizendo que esses equipamentos, que são os mais modernos do mundo, não vão ser depois destruídos, desmontados e levados para a Rússia? Isso é crime de lesa-pátria”, questionou a emedebista.
Desde o mês passado, Simone passou a pressionar a Petrobras sobre a venda da Unidade de Fertilizantes 3 para o grupo russo. Ontem, a estatal chegou a encaminhar à senadora um envelope lacrado com as informações, mas com o alerta de que era informação confidencial e sob ameaça de processá-la por divulgar o teor da informação. Simone esperneou e cobrou informações.
Na manhã de hoje, a Petrobras emitiu comunicado ao mercado anunciando o cancelamento do negócio. “A Petrobras, em continuidade aos comunicados divulgados em 21/02/2020 e 04/02/2022, informa que não foi concluído o processo de venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III), no município de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, com o grupo russo Acron, tendo em vista que o plano de negócios proposto pelo potencial comprador, em substituição ao projeto original, impossibilitou determinadas aprovações governamentais que eram necessárias para a continuidade da transação”, informou.
“Assim, a companhia está realizando os trâmites internos para encerramento do atual processo de venda e lançamento de um novo tão logo possível”, informou. A conclusão do negócio pode ficar para o próximo Governo.
A conclusão a obra, que poderá trazer investimentos de R$ 9,2 bilhões para MS, poderá ficar para o próximo presidente. O projeto vai depender de quem for eleito em outubro deste ano. Bolsonaro deverá manter a proposta de vender a indústria para um grupo estrangeiro.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já sinalizou que pretende retomar a obra pela Petrobras, mantendo o projeto original de concluir a fábrica e tornar o Brasil autossuficiente na produção de fertilizantes.