O PDT perdeu musculatura política e brilho em quatro anos – a sigla cai no ostracismo ao passar da disputa da vaga de governador no segundo turno em 2018 para debandada em 2022 por não ter condições de garantir legenda para eleger um deputado federal. Já o Progressistas dobra a bancada ao conseguir a filiação do deputado estadual Barbosinha (União Brasil), principal adversário de Alan Guedes, prefeito da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
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Na tarde desta quinta-feira (31), Dagoberto Nogueira Filho assina ficha de filiação no PSDB, um partido de centro-direita. Ele foi deputado estadual e está no terceiro mandato de deputado federal pelo PDT, partido para o qual foi filiado desde 1991. A troca tem o objetivo de garantir a recondução para o quarto mandato.
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Durante três décadas, Dagoberto sempre votou com os partidos de esquerda e manteve posição a favor dos direitos dos trabalhadores, como costumava propagar. Ele foi contra as mudanças na Reforma Trabalhista de Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PL), por exemplo.
No novo partido, caso consiga ser reeleito, a dúvida é se vai mudar de postura e acompanhar os tucanos, por exemplo, na reforma administrativa, que prevê o fim da estabilidade no serviço público, entre outros direitos.
“Existem dias difíceis, porém necessários para continuarmos lutando e construindo aquilo que acreditamos. Hoje me despeço do PDT (Partido Democrático Trabalhista), foi uma vida neste partido que tenho carinho, respeito e história. Foi nele que formei meus ideais e construí um dos maiores mandatos federais de Mato Grosso do Sul e é por querer continuar trazendo resultado e desenvolvimento para o estado que amo que tenho a necessidade de tomar essa decisão”, explicou-se o parlamentar em postagem nas redes sociais.
Dagoberto muda de partido porque o PDT, o qual comandou por vários anos, perdeu musculatura. Em 2018, o partido quase elegeu o governador do Estado. O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira obteve 408.969 votos no primeiro turno e foi para o segundo turno. Ele obteve 616.422 votos, perdendo para Reinaldo Azambuja (PSDB) por uma diferença de apenas 60,8 mil.
Na última eleição, Dagoberto obteve 40.233 votos e ficou em 8º lugar. Para atingir o quociente eleitoral, ele contou com a ajuda do filho do juiz, Odilon Júnior, que foi o segundo mais votado. No entanto, o partido sofreu debandada e não deve garantir a eleição de nenhum deputado federal nas eleições deste ano.
Por causa deste medo, Dagoberto mudou de partido na esperança de contar com a ajuda de Reinaldo e do candidato tucano, Eduardo Riedel, para obter uma das oito cadeiras de deputado federal.
A saída de Dagoberto enfraquece o PDT, que pode filiar o deputado estadual Lucas Lima, que deixou o Solidariedade. O ex-prefeito de Sidrolândia e ex-deputado estadual Enelvo Felini teria deixado o PSDB para se filiar ao PDT.
O presidente da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação), Lucílio Nobre, está filiado ao PDT e avalia a possibilidade de aderir a debandada e se filiar ao PSB. O temor é que, sem cacique, o PDT não consiga eleger nenhum deputado estadual nas eleições deste ano.
Por outro lado, o PP virou gigante com a filiação da ex-ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina. Ela chega para disputar o Senado com o aval do presidente Jair Bolsonaro. A deputada conseguiu emplacar o secretário executivo e ex-prefeito de Uberaba, Marcos Montes, no ministério. Ela venceu a quebra de braço com Onxy Lorenzoni, que planejava indicar o senador gaúcho Luiz Carlos Heinze (PP), como estratégia para tirá-lo da disputa do Governo do Rio Grande do Sul.
Os deputados estaduais Londres Machado e José Carlos Barbosa, o Barbosinha, vão se filiar e dobrar a bancada do Progressistas na Assembleia Legislativa. Atualmente, o partido contava com dois deputados, Gerson Claro, aquele do escândalo de desvio milionário no Detran, e Evander Venderamini.
Barbosinha foi o maior adversário de Alan Guedes na disputa da Prefeitura de Dourados em 2020. O progressista foi a grande surpresa na eleição ao contrariar as pesquisas e vencer o deputado que contava com o apoio de um chapão e do governador Reinaldo Azambuja.
As mudanças ainda podem atingir o MDB de André Puccinelli. Paulo Duarte avalia a possibilidade se filiar ao PSDB ou ao PDT. No entanto, o deputado avalia que o primeiro está muito carregado, com vários candidatos com chance de obterem boa votação. E o segundo está esvaziado, com bastante candidato sem chance de ganhar a eleição.