A Energisa de Mato Grosso do Sul contabilizou lucro de R$ 601,4 milhões no ano passado – aumento de 75,7% em relação a 2020. O ganho é o 2º maior entre as 11 empresas do grupo. Enquanto a concessionária festeja lucro recorde, apesar da grave crise causada pela pandemia da covid-19, consumidores sofrem com os aumentos inexplicáveis nas contas e a ofensiva abusiva da concessionária, que passou a protestar em cartórios contas a partir do 5º dia de atraso.
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De acordo com o balanço publicado neste mês, a receita bruta da Energisa teve aumento de 35,2%, passando de R$ 4,285 bilhões em 2020 para R$ 5,795 bilhões no ano passado. O endividamento da empresa sul-mato-grossense teve acréscimo de 50,9% no período, de R$ 1,215 bilhão para R$ 1,834 bilhão.
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Em 2021, a Energisa MS teve lucro de R$ 601,4 milhões, aumento de 75,7% em relação a 2020, quando a receita superou a despesa em R$ 342,4 milhões. O lucro da concessionária de MS só ficou atrás do registrado pela empresa no Mato Grosso, de R$ 1,133 bilhão.
Parte do lucro é proveniente do reajuste médio de 8,9% na tarifa em abril do ano passado, um dos mais altos do País. Os 1,084 milhão de clientes da concessionária devem se preparar para novo tarifaço. No próximo dia 8, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) deve aprovar o reajuste anual, que deverá ser de, no mínimo, 14,77%, que é a inflação acumulada em 12 meses pelo IGP-M, conhecida como a inflação do aluguel, mas usada para corrigir o valor da conta de luz.
Desde o ano passado, a Energisa passou a aterrorizar os clientes com o protesto em cartório das contas de luz em atraso. Apesar da norma não estar prevista na Resolução 1.000 da Aneel, que reúne todas as obrigações do consumidor, a concessionária insiste em penalizar o consumidor e vem enfrentando uma enxurrada de ações judiciais. Há casos até de clientes que foram protestados mesmo tendo quitado a conta.
O superintendente do Procon, Marcelo Salomão, classificou a atitude como abusiva e recomendou a suspensão do protesto em cartório. No entanto, o pedido foi ignorado pela concessionária.
Nem a Justiça se prontificou a livrar os consumidores do terrorismo. O juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, extinguiu ação popular do deputado estadual João Henrique Catan (PL) para suspender o protesto em cartório.
O resultado é que a pressão sobre o consumidor deu certo e a taxa de inadimplência, que já era irrisória, caiu ainda mais, de 1,53% para 1,17%, conforme o balanço publicado no dia 17 deste mês.
A Assembleia Legislativa ensaiou aprovar um projeto para livrar o consumidor da ofensiva do grupo Energisa, mas não houve avanço na proposta, para o desalento da população de Mato Grosso do Sul.