O delegado da Polícia Federal, Glauber Fonseca de Carvalho Araújo, ingressou com ação na Justiça para tentar acabar com os ataques com palavras de baixo calão e fake news de Loester Trutis (PL). Inconformado pela conclusão da investigação policial, de que simulou um atentado como o ex-prefeito Ari Artuzi e não foi vítima, o deputado federal passou a usar as redes sociais e mentiras para atacar a honra do policial federal.
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Araújo comandou a Operação Tracker, deflagrada em 12 de novembro de 2020. No entanto, mesmo a ofensiva ter ocorrido com o aval do Ministério Público Federal e autorização da ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, Trutis passou a atacar apenas o delegado como estratégia para se defender das acusações.
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Além das redes sociais, conforme o processo, o deputado passou a usar um site, criado em nome da cunhada, Ivone Morena Ambrósio, casada com o seu irmão Carlos Alberto Gomes de Souza, para espalhar fake news (notícias falsas) contra o delegado.
Na ação, Glauber Fonseca Araújo justifica a iniciativa ao destacar que o parlamentar ultrapassou os limites da liberdade de expressão, de imprensa e de opinião. “Isso, em princípio, tivesse o Demandado se restringido a fazer críticas à investigação (em si) ou à Polícia Federal (instituição), não teria maiores consequências; entretanto, o Sr. LOESTER TRUTIS passou a atacar, direta e claramente, a pessoa do Delegado de Polícia Federal que figura o polo ativo desta lide”, argumenta a defesa.
“Conforme se pode constatar na Ata Notarial registrada no 3º Serviço Notarial, nota 372537, livro 1095, folha 59, igualmente juntada (doc. 05), o Deputado afirma que o Delegado Demandante é ‘VAGABUNDO’ (fl.10), ‘PAU NO C*’ (fl. 20), ‘IDIOTA’ (fl. 21), ‘CORRUPTO’ (fl.26) e que ‘DESTRUIU PROVAS DE UM ATENTADO’”, apontam os advogados.
“Mas não é só. Na tentativa de desacreditar a investigação e de minar a credibilidade do Demandante, que a presidiu, o Demandado cria e divulga informações falsas, em site aberto em nome de sua cunhada Ivone Moreno Ambrosio (doc. 03), como a notícia intitulada ‘Reviravolta, especialista afirma que Trutis sofreu atentado e delegado atuou para prejudicá-lo’, publicada no portal MS1Noticias, em 10/02/2022”, relata.
“Toda essa infeliz exposição, fruto de ataques imotivados, raivosos e injustificáveis de quem se vale de falsidades (FAKES) para tentar explicar à opinião pública, com fins eleitoreiros, o inexplicável (que o atentado que denunciou não passou de uma grotesca farsa!) não pode passar ao largo do Estado-juiz, mormente quando a honra e a imagem de um servidor honesto, que nunca teve qualquer registro ou reclamação que o desabone, são atacadas de maneira vil por quem não tem nenhum compromisso com a verdade, como os Demandados, que ultrapassaram todos os limites da liberdade de expressão e de imprensa”, justificou Glauber.
O caso é emblemático porque repete uma tática dos “novos políticos brasileiros”, dos quais Trutis é um dos integrantes.
A Procuradoria-Geral da República acabou reforçando a investigação do delegado da PF e pediu o indiciamento de Trutis pelos crimes de falsa comunicação de crime, disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma de fogo.
Inicialmente, o delegado começou a investigar o caso como se o deputado federal fosse vítima. No entanto, somente após verificar câmeras de vigilância da rodovia e o GPS do veículo, a PF encontrou as cápsulas e o local supostamente usado pelo deputado para simular o atentado, uma estrada vicinal paralela a rodovia BR-060.
Trutis repetiu Artuzi, que quando era prefeito de Dourados, também simulou um atentado e acabou sendo desmascarado por investigação da Polícia Civil. Só que na época, o boquirroto douradense não tinha as redes sociais nem a onda de fake news para atacar os investigadores.
Na ação, Glauber Fonseca de Carvalho Araújo pede a retirada das acusações das redes sociais e do site da cunhada de Trutis sob pena de multa de R$ 15 mil. Ele também pede para a Justiça proibir o parlamentar de cita-lo e indenização de R$ 20 mil por danos morais.
O pedido será analisado pela juíza Mariel Cavalin dos Santos, da 16ª Vara Cível de Campo Grande.