No artigo “Sofrimento e precarização dos trabalhadores de aplicativo”, o economista e ensaísta Albertino Ribeiro alerta para as dificuldades e a luta dos motoristas de aplicativos, como Uber, In Drive e 99. Pior situação ainda enfrentam os entregadores, que aumentam os riscos no trânsito ao furar sinais vermelhos e fazer ultrapassagens perigosas para entregar as encomendas em tempo recorde e agradar o cliente.
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“Está cada vez mais difícil conseguir um Uber em Campo Grande. Acredito que a mesma coisa esteja acontecendo em todo o Brasil. Não é por menos, com a alta constante da gasolina, muitos motoristas desistiram, principalmente aqueles que utilizavam carro alugado para fazer as corridas. A margem de ganhos já estava bem reduzida”, observa, destacando que muitos estão trabalhando o dia todo para ter receita melhor.
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“Nesse mesmo ritmo, vemos na pista os entregadores de aplicativo, estes vem sentindo no bolso o aumento do custo do seu trabalho, sem terem qualquer esperança de que as empresas de aplicativo de transporte aumentarão o pagamento pelas entregas”, destaca.
“Além da redução dos ganhos, os entregadores convivem constantemente com o risco de acidentes. Como se não bastassem as circunstâncias normais que nos tornam vulneráveis aos acidentes de trânsito, os entregadores de aplicativo aplicativos aumentam o próprio risco”, pontua.
Além de ter uma relação precária de trabalho, porque se tiver doente, ele não tem ganho nem amparo nenhum.
Ribeiro aconselha que cada um tenha empatia com os profissionais. “Dessa forma, com objetivo de mitigar o sofrimento físico e psíquico dessas pessoas, poderíamos mostrar um pouco de empatia; já seria bom começo”, conclui.
Confira o artigo:
“Sofrimento e precarização dos trabalhadores de aplicativo
Albertino Ribeiro
Está cada vez mais difícil conseguir um Uber em Campo Grande. Acredito que a mesma coisa esteja acontecendo em todo o Brasil. Não é por menos, com a alta constante da gasolina, muitos motoristas desistiram, principalmente aqueles que utilizavam carro alugado para fazer as corridas. A margem de ganhos já estava bem reduzida. Para terem receita melhor, esses trabalhadores precisam rodar praticamente o dia inteiro.
Nesse mesmo ritmo, vemos na pista os entregadores de aplicativo, estes vem sentindo no bolso o aumento do custo do seu trabalho, sem terem qualquer esperança de que as empresas de aplicativo de transporte aumentarão o pagamento pelas entregas.
Além da redução dos ganhos, os entregadores convivem constantemente com o risco de acidentes. Como se não bastassem as circunstâncias normais que nos tornam vulneráveis aos acidentes de trânsito, os entregadores de aplicativo aplicativos aumentam o próprio risco, pois se veem obrigados – para entregar em tempo recorde os pedidos – a furar sinais vermelhos e fazerem ultrapassagens perigosas. Essas perigosas peripécias podem ser vistas por nós, todos os dias no trânsito da Cidade Morena, que não é um dos piores.
Infelizmente, meu querido leitor, no que diz respeito ao risco de vida desses trabalhadores, temos uma parcela de culpa, pois somos partes dessa pressão que confunde pressa com eficiência.
Quantas vezes você ficou aborrecido quando sua entrega atrasou dez minutos ou apenas cinco minutos?
Tudo bem, tudo bem! A correria dos nossos dias não dá muitas escolhas, afinal fazemos parte do processo. Aí está o grande problema! Não podemos simplesmente agirmos mecanicamente como se fossemos uma extensão dos algoritmos do iFood, por exemplo. Nesse jogo, alguém tem que fazer uso de empatia e, com certeza, não será um robô que vai agir desse jeito, que é peculiar a nossa espécie.
Dessa forma, com objetivo de mitigar o sofrimento físico e psíquico dessas pessoas, poderíamos mostrar um pouco de empatia; já seria bom começo.
Nesse exato momento, enquanto escrevo, estou pedindo um lanche por um dos aplicativos; está chovendo. Seria justo reclamar, caso o lanche atrase? Com certeza não”.
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