Com capital de apenas R$ 100 mil, a microempresa da advogada Eliane Medeiros Lima conseguiu verdadeiro milagre ao se aliar ao empresário Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins. A movimentação bancária saltou de R$ 10,2 mil em 2018 para R$ 456 milhões em dois anos, conforme relatório de inteligência da Polícia Federal, que prendeu a advogada na Operação Valeta, 3ª fase da Kryptos deflagrada na última quinta-feira (3).
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A investigação mostra que Eliane viveu um verdadeiro milagre nas finanças com a derrocada do empresário carioca na Operação Madoff, que passou a mirar os negócios milionários suspeitos em 2019.
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A minúscula empresa fundada em 2008 em Campo Grande passou a intermediar o envio de recursos para o exterior, conforme detalhes da investigação divulgados ontem pelo jornal Campo Grande News. Em questão de meses, a advogada saiu da pindaíba e passou a viver uma vida de milionária.
Conforme a quebra do sigilo bancário e fiscal, em 2017, os rendimentos de Eliane Medeiros somaram apenas R$ 17 mil, uma média mensal de irrisórios R$ 1.416,66. A situação melhorou em 2018, com R$ 88,7 mil no ano. A situação piorou no ano seguinte, com renda de R$ 26,6 mil em 2019.
Em meados deste ano, o Faraó dos Bitcoins passou a realizar aporte na empresa campo-grandense e os rendimentos da advogada tiveram um salto de 1.848%, de R$ 26,6 mil, em 2019, para R$ 519,9 mil em 2020.
A movimentação bancária já tinha melhorado em 2018, com movimentação de R$ 793,1 mil. Ficou muito melhor em 2020, quando chegou a R$ 1,980 milhão. Os dados mostram que a advogada não repassou essas informações para o fisco.
O “milagre financeiro” fica ainda mais evidente ao verificar a evolução da movimentação bancária da microempresa. Em 2018, a GLA Serviços de Tecnologia movimentou apenas R$ 10.281,96 – uma média de R$ 856,83 por mês. Em 2019, quando a empresa passou a ser utilizada pelo Faraó dos Bitcoins, a movimentação financeira saltou para R$ 12,1 milhões.
A situação ficou ainda mais fantástica no ano seguinte. Em 2020, a GLA teria movimentado R$ 444.277.183,75 – uma média de R$ 1,217 milhão por dia. Ou seja, a movimentação por dia era 1.117% ao capital social oficial da microempresa de Eliane Medeiros.
Segundo nota da PF, Eliane era responsável pela administração de duas empresas sediadas em Campo Grande e intermediava a movimentação financeira entre a principal empresa investigada na Kryptos e empreendimentos estabelecidos no exterior.
“Conforme foi apurado, a conduta da investigada possibilitou a continuidade das atividades ilícitas desenvolvidas pela referida empresa, mesmo após a deflagração da primeira fase da operação. Também foi constatado que essa atividade de intermediação das movimentações financeiras ilícitas se intensificou após a deflagração da citada operação, em agosto de 2021”, destacou a PF.