No artigo “É na onda de Lula que o mercado pretende pegar ‘Jacaré’”, o economista e ensaísta Albertino Ribeiro defende a mudança na política de preços dos combustíveis da Petrobras, defendida em entrevista pelo ex-presidente. Na sua avaliação, a estatal não pode sacrificar a maior parte da população brasileira para patrocinar os interesses de uma minoria, os acionistas.
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Ribeiro relembra a frase de Lula a uma rede de rádios do Paraná. “‘Nós não vamos manter o preço da gasolina dolarizado; é importante que o acionista receba seus dividendos quando a Petrobras der lucro, mas não posso enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa, que vai comprar um quilo de feijão e paga mais caro por causa do preço da gasolina’”, destaca.
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“A notícia não foi bem aceita pelo mercado; os papéis ON da empresa, por exemplo, recuaram 2,35% a R$34,82. Isso ocorre, porque alguns investidores – ainda sob histerese -, não entenderam que a maioria dos seus pares já foi atraída pelo magnetismo do petista; estes retardatários insistem numa visão míope de que o lucro dos acionistas é o mais importante”, destaca.
Confira o artigo na íntegra:
“É na onda de Lula que o mercado pretende pegar ‘Jacaré’
Albertino Ribeiro
Em entrevista concedida na última quinta-feira a uma cadeia de rádios paranaense, o ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendeu que a Petrobras não tenha seus preços dolarizados:
‘Nós não vamos manter o preço da gasolina dolarizado; é importante que o acionista receba seus dividendos quando a Petrobras der lucro, mas não posso enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa, que vai comprar um quilo de feijão e paga mais caro por causa do preço da gasolina’.
A notícia não foi bem aceita pelo mercado; os papéis ON da empresa, por exemplo, recuaram 2,35% a R$34,82. Isso ocorre, porque alguns investidores – ainda sob histerese -, não entenderam que a maioria dos seus pares já foi atraída pelo magnetismo do petista; estes retardatários insistem numa visão míope de que o lucro dos acionistas é o mais importante.
Contudo, quem é esse mercado? O que ele pensa? Segundo o megainvestidor George Soros, o mercado é um ente amoral; ele é neutro. Assim sendo, seu ‘radar’ é treinado, apenas, para ganhar dinheiro e maximizar lucro.
Não é difícil perceber que esse ‘modus operandi’, não lhe permite pensar nas consequências sociais para o Brasil; um país que não possui as condições necessárias que possam se encaixar nos modelos econométricos dos postulados neoliberais.
Destarte, o interesse da população deve estar acima de uma minoria de ‘sangue azul’. Para isso, o capitalismo – que, com todos os defeitos, ainda é o melhor sistema em funcionamento – precisa de rédeas, como já disse o economista palmeirense Luiz Gonzaga Belluzzo: ‘O capitalismo não deve ser entregue às suas leis de movimento, pois sua lógica é o excesso’.
Dessa forma, penso que o ideal seria que os investidores ainda renitentes, entendam que as variáveis ‘necessidades humanas e tensão social’, também fazem parte do cálculo da economia real.
A verdadeira racionalidade está em perceber, que população pobre de um país não aguenta mais ver suas necessidades mais básicas preteridas em nome do bem-estar de uma minoria.
‘A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes’ – Adam Smith.”