Beneficiado com o transplante de medula óssea há cinco anos, Carlos Alberto Rezende, o Professor Carlão, correu a São Silvestre na sexta-feira (31) junto com o doador, Luiz Eduardo Pereira. Conhecido professor de cursinhos em Campo Grande, ele ganhou destaque na mídia nacional ao participar da tradicional maratona paulista ao lado do homem que lhe salvou a vida.
Em reportagem publicada neste sábado pelo portal Uol (veja aqui), Carlão contou a sua história de superação. O professor foi diagnosticado com a aplasia medular severa, uma doença sanguínea na medula óssea que causa diversas infecções. A possibilidade de encontrar doador compatível era de um em 100 mil.
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Na época, sem muitas esperanças de que encontraria o doador, ele decidiu cursar uma nova faculdade, de biomedicina. “Depois de um ano e quatro meses do diagnóstico, recebi a notícia de que teria um doador. O Dudu apareceu, e nossa compatibilidade foi de 100%. É uma possibilidade em 100 mil. Já lutando por essa causa, recebi o transplante e todo o procedimento foi feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Fiquei 120 dias no hospital, já que a medula ‘nova’ precisava se desenvolver”, contou ao portal paulista.
Só que, pela regra, o receptor não fica sabendo quem é o doador e vice-versa. No entanto, Carlão ligou para o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea e pediu a quebra do sigilo. Morador do Paraná, Luiz Eduardo autorizou o órgão a repassar seu nome e contato para o sul-mato-grossense. Desde então, eles ser tornaram grandes amigos. “Somos irmãos de sangue”, ressaltou Carlão.
“Sempre gostei de esporte, mas meu rendimento não era dos melhores, uma vez que fui fumante até o dia em que recebi o diagnóstico. Assim que saí do hospital, comecei a praticar esporte de novo. Fiz dez provas de rua de 5 km e minha primeira São Silvestre, ainda durante o tratamento, e de máscara o tempo todo —porque como minha medula era ‘bebê’, ela ainda não me protegia de doenças comuns. Ainda assim, consegui. O esporte me ajudou a renascer”, contou ao Uol.
“Voltei para o esporte como atleta transplantado, me formei em biomedicina e concluí o curso. Hoje, como biomédico, faço parte do grupo que trouxe o transplante de medula óssea para o Mato Grosso do Sul. Hoje, o projeto Sangue Bom é um instituto com reconhecimento nacional e latino-americano pelo volume de ações que realiza em busca de novos doadores de medula óssea”, relatou.
A participação de doador e receptor da medula óssea foi destaque na cobertura da São Silvetre de 2021. Carlão é vice-campeão mundial de transplantados e campeão nos 100 metros do campeonato máster de atletismo. “Tudo isso aos 57 anos, graças a esse menino, ao Dudu, meu irmão”, comentou.
“Ele me trouxe esporte, uma nova profissão e vida. Eu renasci. Durante a pandemia, corria todos os dias em frente à minha casa para me preparar para a São Silvestre. Em toda prática esportiva, faço a divulgação da importância da doação de medula óssea, é esse meu objetivo. E, hoje, com o Dudu aqui, nosso intuito é contar nossa história e incentivar novas pessoas a serem doadoras”, ressaltou.