A Justiça quer encontrar os clientes lesados pela Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande há 26 anos e garantir a restituição em dobro do valor cobrado ilegalmente. A responsabilidade pela devolução se transformou em imbróglio judicial, porque a Águas Guariroba alega que não foi responsável pela ilegalidade. O valor cobrado na época, de R$ 200 a R$ 284, equivaleria hoje, atualizado pela inflação, de R$ 1,9 mil a R$ 2,8 mil.
[adrotate group=”3″]
Em despacho publicado no Diário da Justiça nesta quinta-feira (16), o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, determinou o cumprimento da sentença publicada há 10 anos. A Águas Guariroba deverá publicar em três jornais de grande circulação uma vez por semana por dois meses um comunicado.
Veja mais:
Juíza do Trabalho cancela demissão concursadas e mantém mulheres na Sanesul
Com repasse do esgoto, Sanesul começa demissão por mulheres e sindicato denuncia assédio
Tribunal nega pedido da Sanesul para contratar funcionários sem concurso público
Conforme sentença publicada no dia 25 de maio de 2011 pelo juiz Amaury da Silva Kuklinski, então titular da Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, o aviso deveria trazer o seguinte título: “Justiça convoca consumidores para cobrar valores desembolsados com hidrômetros”.
A condenação ocorreu a pedido do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública. No primeiro semestre de 1995, a Sanesul, então concessionária de água e esgoto na Capital, foi às ruas para trocar 75 mil hidrômetros. Os equipamentos eram encaminhados para uma oficina da empresa.
Ao analisar cada hidrômetro, o funcionário constatava as alterações no equipamento. Então, a Sanesul passou a aplicar multas de R$ 200, R$ 205,28 e R$ 284,48 nos consumidores alegando fraude. O MPE e a Defensoria alegaram que a empresa retirou o hidrômetro sem a presença do dono ou responsável pelo imóvel e acabou aplicando a multa sem lhe dar o direito ao contraditório e ampla defesa.
Cerca de 500 consumidores registraram queixa na ocasião. A Justiça acatou o pedido e considerou a multa ilegal. A Sanesul foi condenada a devolver o valor em dobro para todos os consumidores lesados.
Só que a prefeitura retomou a concessão e repassou para a iniciativa privada na gestão de André Puccinelli (MDB). A Sanesul alega que a Águas Guariroba assumiu o serviço, inclusive, a responsabilidade por eventuais problemas registrados anteriormente.
A Águas alega que o problema foi cometido pela Sanesul e a estatal estadual deve arcar com o pagamento da indenização. Até o resultado do julgamento do Tribunal de Justiça se transformou em uma guerra de versões. A Sanesul alega que ganhou e o pagamento cabe à Águas. A concessionária do Aegea rebate e garante que venceu a queda de braço na justiça e o pagamento caberá à estatal.
Enquanto as duas brigam, o juiz mandou a Águas publicar o edital em busca das vítimas. O consumidor que conseguiu guardar os documentos por quase três décadas vai ter chance de ganhar um extra para enfrentar a grave crise do aumento dos alimentos e combustíveis.
Caso decida atualizar o valor pela inflação, a devolução será de, no mínimo, de R$ 3,8 mil a R$ 5,4 mil.