A arroba do boi gordo voltou a subir e o valor pago ao pecuarista já supera R$ 300, antes mesmo da efetiva retomada das exportações pela China. Em Campo Grande, houve queda de apenas 2,19% no preço pago pelo consumidor. Com a chegada do Natal, a carne bovina deve voltar a subir e o consumidor já está pagando até R$ 84,90 pelo quilo do filé mignon.
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Com o embargo da China, o preço da arroba caiu 17% no Estado, de R$ 315 para R$ 256. No entanto, o consumidor não foi beneficiado pela queda. Conforme o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), a redução ao consumidor final foi de apenas 2,19%. A queda na Capital foi a 3ª maior do País.
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Só que o preço da arroba já acumula alta de 21% no Estado, com o valor passando de R$ 256 para R$ 310, segundo a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária). “O mercado segue no aguardo da suspensão do embargo. Entretanto, mesmo com a China sem participação nas compras, houve recuperação nos preços da arroba. Após ser pressionada e chegar a R$ 260 a arroba do boi e R$ 250 a arroba da vaca, os preços já superam os R$ 300 para arroba do boi e R$ 290 para a arroba da vaca”, explica a analista técnica da entidade, Eliamar Oliveira.
“O preço médio de dezembro está 8% maior que novembro. A valorização é ainda maior quando comparada a janeiro, ganho de 13,61% na arroba do boi e de 15,77% na arroba da vaca. A valorização se justifica porque não há volume expressivo de animais prontos para o abate, ao mesmo tempo que há expectativa de aumento de consumo, como tradicionalmente acontece no final do ano”, afirma.
Para a economista Andréia Ferreira, supervisora do DIEESE em MS, a carne não vai baixar. Ela atribui o efeito à decisão da ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina, que decidiu prorrogar o tempo de congelamento da carne destinada à exportação para a China e evitou que o produto fosse desovado no mercado interno.
O efeito da atual política pode ser sentido pelo consumidor ao ir ao supermercado e açougue. No Mercadão, o quilo do coxão mole custa R$ 43,40, enquanto a picanha é encontrada a R$ 74,90 e o filé mignon a R$ 84,90. Se continuar neste ritmo, o temor do consumidor, de que o quilo poderá custar R$ 100, pode virar realidade.
A tendência é que o pecuarista continue contabilizando lucros, principalmente, porque o Brasil vem ganhando novos mercados. “A expectativa é que as exportações mantenham o bom ritmo, considerando a continuidade das vendas para importantes players como o Chile e os Estados Unidos da América; a retomada das compras pela China; a reabertura do mercado russo; e efetivação de novos mercados da Ásia, com a consolidação como clientes da carne bovina brasileira”, afirma Eliamar.
Para 2022, a tendência é que os preços não mantenham a atual escalada, mas também não devem baixar. “Nesse sentido, a redução nos preços poderá não ser significativa, mas a estimativa é que a inflação deva ser menor, o que significa que os preços devem se estabilizar”, acredita Eliamar.
Andréia diz que os preços devem continuar elevados. “A carne, posso dizer com segurança, não vai baixar”, lamenta.
A valorização da carne na Capital mudou alguns hábitos. Açougues e supermercados passaram a vender pé de frango em escala maior, com o quilo custando em torno de R$ 7 a R$ 8. Outros passaram a colocar sistema antifurto nas peças mais caras, como picanha.