Dividido entre os fiéis ao Governo de Jair Bolsonaro (PL) e os simpáticos à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o MDB oficializou, nesta quarta-feira (8), a pré-candidatura de Simone Tebet à presidência da República. No discurso como candidata, a senadora fez duras críticas ao presidente, por fabricar crises e causar mortes com a política negacionista.
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Na sua opinião, “o clamor é de urgência, porque o povo brasileiro está morrendo de fome”. Ela também disse que milhares perderam a vida prematuramente para a covid-19 em decorrência da política negacionista do Governo. “Indigência total nas ruas”, afirmou, sobre o aumento da miséria nas cidades brasileiras.
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“Falta recursos desde o mais básico até obras de infraestrutura”, lamentou a emedebista. Sem citar o nome Bolsonaro, ela o acusou de criar crises artificiais, discórdias e a polarização na política brasileira. A senadora condenou a atuação do gabinete do ódio, que seria comandado pelos filhos do presidente, com o objetivo de calar os adversários.
Simone também condenou a atual política de meio ambiente, que levou o Brasil à fama internacional pelo desmatamento recorde na Amazônia. Ela defendeu o agronegócio, que, na sua opinião, vem conciliando o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente.
“Missão não se escolhe, se cumpre”, afirmou, sobre a pré-candidatura a presidente da República. Para a senadora, o momento exige um grande pacto nacional em favor do Brasil e do povo brasileiro.
Formada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e mestre pela PUC de São Paulo, Simone foi deputada estadual, prefeita de Três Lagoas por dois mandatos e vice-governadora no primeiro mandato de André Puccinelli (MDB). Ela foi professora universitária da UFMS, UCDB e Uniderp.
O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, diz que Simone dispensa apresentação. “Não queremos salvadores da pátria, nem heróis fabricados”, afirmou, sem citar nome, mas fazendo alusão à candidatura a presidente do ex-juiz Sergio Moro (Pode), cultuado por parte dos grandes jornais e emissoras de televisão.
Simone passou a fazer oposição mais contundente a Bolsonaro durante a CPI da Covid no Senado. Ela ganhou notoriedade ao arrancar o nome do deputado Ricardo Barros, líder do Governo, do depoimento de Ricardo Miranda.
Primeira mulher a presidir da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Simone foi a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), primeira mulher a assumir a presidência da República. Aliás, graças ao afastamento da petista, o MDB voltou ao Governo pela terceira vez, com Michel Temer.
O partido assumiu a presidência por três vezes, mas nunca pelo voto direto. Em 1985, José Sarney virou presidente com a morte do presidente eleito, Tancredo Neves. Em 1992, a sigla voltou ao poder com Itamar Franco graças ao impeachment de Fernando Collor de Mello.
Nas duas vezes em que disputou a presidência, o MDB teve desempenho de nanico, apesar de ser um dos maiores partidos do País. Ulisses Guimarães ficou com 4,4% em 1989. Em 1994, Orestes Quércia obteve apenas 4,38% dos votos.
Michel Temer, que foi preso na Operação Lava Jato e denunciado duas vezes por corrupção no Supremo Tribunal Federal, gravou discurso de apoio à Simone. O ex-presidente foi gravado pedindo para o empresário Joesley Batista, dono da JBS, comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB).
A senadora votou para salvar Aécio Neves no Senado. O tucano foi gravado pedindo propina de R$ 2 milhões da JBS e até falando em enviar alguém que pudesse matar para evitar delação para pegar a propina. A senadora sul-mato-grossense votou contra o afastamento de Aécio do cargo de senador, apesar das evidências.
No lançamento desta quarta-feira, o MDB a colocou como “Uma nova esperança para o Brasil”. Contudo, a senadora não é unânime no partido. Os líderes de Bolsonaro no Congresso, os senadores Eduardo Gomes e Fernando Bezerra, não prestigiaram a cerimônia. Renan Calheiros foi outro ausente.
Caso não empolgue o eleitorado, Simone poderá disputar a reeleição por Mato Grosso do Sul ou ser indicada como candidata a vice-presidente. João Doria (PSDB) e Sergio Moro (Pode) gostariam de tê-la como companheira de chapa.