Em meio uma nova e assustadora onda da covid-19 na Europa, que tem levado vários países a voltar a adotar medidas restritivas, e contra o apoio de 85% dos campo-grandenses, a Câmara Municipal de Campo Grande rejeitou, pelo placar de 13 a 4 votos, o projeto que institui o passaporte da vacina. Onze vereadores não participaram da sessão e ajudaram a enterrar a proposta.
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O passaporte da vacina vem se transformando na principal arma de combate à pandemia. Nove estados – Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Tocantins – já passaram a exigir o comprovante de vacinação contra covid-19. Mais de 250 cidades brasileiras também adotaram a medida.
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No entanto, o passaporte foi descartado pela maioria dos vereadores, que decidiram contraria a vontade da maior parte da população. Pesquisa do IPR, divulgada pelo Correio do Estado, apontou que 85,33% dos campo-grandenses são favoráveis a adoção do passaporte da vacina.
Nesta quinta-feira (18), a Câmara analisou o projeto de lei de Camila Jara e Ayrton Araújo, ambos do PT, que obrigava o passaporte da vacina na Capital. Só quatro vereadores votaram a favor da proposta: Delei Pinheiro e Otávio Trad, do PSD, Ayrton Araújo e Professor André Luiz (Rede). A autora, Camila Jara, estava viajando e não participou da votação no próprio projeto.
Araújo destacou que a vacinação é a principal arma para conter a doença e foi responsável pela brusca queda no número de novos casos e de mortes no País. “Vacina salva vidas, está comprovando cientificamente”, enfatizou o petista.
Já os vereadores Tiago Vargas e Valdir Gomes, do PSD, e Dr. Sandro Trindade (Patri) consideraram que exigir a vacinação de todos é contraria o direito constitucional de ir e vir das pessoas. “É um absurdo”, afirmou Vargas, sobre obrigar a imunização, mesmo tendo perdido a mãe, Mercedes Vargas para a covid-19. Ela morreu aos 54 anos em decorrência da doença.
A favor da tramitação do projeto do passaporte da vacina
Otávio Trad (PSD) | |
Delei Pinheiro (PSD) | |
Ayrton Araújo (PT) | |
Professor André Luiz (Rede) |
Médico, Benites ignorou o problema na Europa e considerou a pandemia um problema do passado. Ele disse que os vereadores devem priorizar outros desafios, como abuso infantil, obesidade e a grande demanda por cirurgias eletivas.
No total, 13 vereadores votaram contra a tramitação e enterraram o passaporte da vacina sem qualquer debate. A bancada do PSDB, formada pelos vereadores Ademir Santana e Professor Juari, teria abandonado o plenário para não participar da votação. Uma espécie de lavar as mãos.
O problema é que a pandemia ainda não acabou e nova onda volta a assustar na Europa. Pelo menos, as primeiras ondas se repetiram no Brasil e em Mato Grosso do Sul. Campo Grande teve colapso de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neste ano, na segunda onda.
Contra o projeto do passaporte da vacina
Beto Avelar (PSD) | |
Tiago Vargas (PSD) | |
Valdir Gomes (PSD) | |
Clodoilson Pires (Podemos) | |
Ronilço Guerreiro (Podemos) | |
Zé da Farmácia (Podemos) | |
Edu Miranda (Patri) | |
Dr. Sandro Trindade (Patri) | |
Gilmar da Cruz (Repu) | |
Betinho (Repu) | |
Marcos Tabosa (PDT) | |
Victor Rocha (PP) | |
Coronel Alírio Villasanti (PSL) |
De acordo com a CNN (veja aqui), a Alemanha registrou 52.826 novos casos de covid-19 nesta quarta-feira, um recorde. A primeira ministra Ângela Merkel, de centro-direita, estuda obrigar a população a apresentar o comprovante de vacinação.
A Bélgica voltou a obrigar o uso de máscaras e o passaporte da vacina em locais fechados. Na Espanha, com 6.667 novos casos e 30 mortes por dia, o Governo aposta na 3ª dose para impedir a nova onda.
Com 20,2 mil novos casos diários, a França deve voltar a adotar o trabalho remoto para conter a covid-19. Já a Holanda sofre com a escassez de testes da covid. O país vai adotar lockdown (fechamento) de bares, restaurantes e atividades do comércio não essencial por três semanas.
A Irlanda voltou a adotar o toque de recolher, mesmo com 89% da população imunizada, uma das maiores taxas do mundo. A República Tcheca vai proibir acesso de não vacinados a locais públicos e estabelecimentos como bares e teatros.
Especialistas atribuem a nova onda aos não vacinados e a chegada do inverno no antigo continente. A torcida é para que a nova onda não chegue a Campo Grande, já que os vereadores não ouvem a população na hora de votar os projetos.