O ex-prefeito de Maracaju Maurílio Ferreira Azambuja, o Dr. Maurílio (MDB), foi indiciado pela Polícia Civil na investigação que apura suposto esquema criminoso que desviou R$ 23 milhões da prefeitura. O inquérito comandado pelo DRACCO (Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado) foi encerrado na terça-feira (5) e incrimina mais oito pessoas.
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O esquema de corrupção é investigado na Operação Dark Money, que apontou a abertura de uma “conta clandestina”, não informada aos órgãos de controle, para desviar R$ 23,4 milhões dos cofres públicos do município nos últimos dois anos do segundo mandato, 2019 e 2020, de Maurílio no comando da prefeitura. Pelo menos 15 empresas teriam sido beneficiadas pelo esquema de corrupção, no qual teriam recebido o dinheiro sem ter contrato com o município nem nota fiscal emitida para justificar o pagamento.
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Além do ex-prefeito, foram indiciados o ex-secretário de Fazenda e candidato a prefeito nas eleições do ano passado, Lenilso Carvalho Antunes (MDB); Daiana Cristina Kuhn, ex-chefe da pasta na gestão do emedebista; Edimilson Alves Fernandes que comandou o setor de licitações da prefeitura; o empresário Pedro Everson Amaral Pinto, dono de uma tapeçaria em Maracaju acusado de trocar cheques da conta secreta; Moisés Freitas Victor, que trabalhou na tapeçaria; Fernando Martinelli Sartori, genro do empresário, Victor Henrique Kuhn, irmão de Daiana e apontado como “laranja” no esquema; e a ex-diretora do Departamento de Tesouraria Iasmim Cristaldo Cardoso.
Em depoimento à polícia, Maurílio Azambuja confirmou que abriu a conta de fachada, mas ressaltou que “não sabia das ilicitudes” e responsabilizou Lenilso Antunes, Iasmin Cristaldo Cardoso e o ex-secretário de Planejamento pelas irregularidades. O ex-prefeito disse que os assessores tinham autonomia para movimentar a conta para facilitar os pagamentos de até R$ 100 mil. O emedebista inclusive admitiu que assinou alguns dos 600 cheques usados para desviar a fortuna dos cofres municipais. “Assinei alguns cheques, mas só conferia os valores, confiava nos secretários”, teria dito.
Segundo a Polícia Civil, um novo inquérito será aberto para apurar os cheques e valores favorecidos relacionados a contas fantasmas.
Maurílio Azambuja, Iasmin, Fernando e Moisés cumprem prisão domiciliar e utilizam tornozeleira eletrônica por ordem da Justiça. Lenilson, Daiana, Edimilson e Pedro Everson estão presos por ordem do juiz Marco Antônio Montagnana Morais, da 2ª Vara Cível e Criminal de Maracaju.
O resultado do inquérito será enviado ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul, a quem cabe oferecer denúncia contra os investigados à Justiça.
O esquema
A Investigação do DRACCO identificou 15 empresas que foram beneficiadas pelo desvio de R$ 23,479 milhões dos cofres da Prefeitura de Maracaju. Apenas uma construtora, que pertence a um servidor, recebeu R$ 876,1 mil, conforme análise do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro.
“Os fatos apurados até o momento indicam que uma organização criminosa estabelecida mais especificamente na Secretaria de Fazenda teria desviado o dinheiro mediante a abertura de uma conta clandestina, que não foi informada aos órgãos de controle”, informou a polícia, em nota.
“Dos 627 cheques da referida conta emitidos, 75 já foram minuciosamente analisados pelo Laboratório de Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro, apurando-se que foram nominais a 15 empresas que não tiveram contratação formal com a Prefeitura, ou seja, não se submeteram a qualquer procedimento licitatório, bem como inexistem na Prefeitura notas fiscais que justificam os pagamentos efetuados”, explicou.
A empresa PRÉ-MOLDADOS MARACAJ EIRELI, que tem como sócio servidor público nomeado para função na Secretaria de Fazenda, teria recebido R$ 876.149,08 em cheques. O valor representa 3,37% do montante desviado. “O funcionário público teve sua prisão preventiva decretada e suas contas pessoais e empresarias bloqueadas pela justiça”, informou a delegada Ana Cláudia Medina, titular do DRACCO.
A empresa PEDRO EVERSON DO AMARAL PINTO ME teria recebido R$ 354.429,00. Pedro Everson Amaral Pinto, também com a prisão preventiva decretada pela Justiça, é acusado de ser o operador financeiro do esquema criminoso que desviou a fortuna da prefeitura de Maracaju.