Mesmo com o ICMS de 12% em Mato Grosso do Sul, o preço do óleo diesel disparou nos postos com a política de preços do Governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e vai causar aumento em cadeia, encarecendo desde alimentos até o preço da tarifa de ônibus urbano. Em Campo Grande, com o último reajuste de 9% nas refinarias pela Petrobras, a tarifa do transporte coletivo pode ter acréscimo de R$ 0,50 na Capital.
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Em relação a janeiro de 2019, desde a posse de Bolsonaro, o preço do diesel acumula aumento de 39,15% no valor médio no Estado, de R$ 3,47 para R$ 4,83, conforme pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo). O menor preço acumula alta de 45,2%, de R$ 3,09 para R$ 4,50. Com o litro custando até R$ 5,45 no interior, o preço máximo acumula reajuste de 42,59%.
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Em Campo Grande, o preço médio acumula alta de 40% desde janeiro de 2019, passando de R$ 3,44 para R$ 4,83. O levantamento não captou todo o impacto do último reajuste da Petrobras, de 9%, que entrou em vigor na última quarta-feira (30 de setembro). O menor preço praticado na Capital saltou 44,2%, de R$ 3,18 para R$ 4,599.
O diesel ficou mais caro no Estado apesar da alíquota de 12% do ICMS. Em maio de 2018, quando houve a histórica greve dos caminhoneiros, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) reduziu o tributo de 17% para 12%.
No entanto, o encarecimento no óleo diesel não atinge apenas os caminhoneiros. Em maio de 2018, quando eles pararam o País, o litro do combustível custava, em média, R$ 3,68 em Campo Grande. Apesar do valor estar 31% mais caro, a categoria descarta nova paralisação para forçar Bolsonaro a mudar a política de preços da Petrobras.
No fim de semana, o presidente da companhia, general Joaquim Silva e Luna reafirmou que manterá a política de repassar ao consumidor o preço do combustível no mercado internacional. A atual política de paridade já elevou em 50% o valor do diesel nas refinarias.
Antes do reajuste de 9%, o combustível acumula alta de 28% nos últimos 12 meses no Estado, conforme cálculo da economista Andréia Ferreira, supervisora técnica do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). Ela estima que o novo aumento de 9% vai pressionar ainda mais a inflação, que já supera dois dígitos, com 11,43% na Capital.
O aumento no diesel também vai ter impacto expressivo no cálculo da tarifa do transporte coletivo, atualmente em R$ 4,20 na Capital. O novo valor entrará em vigor em dezembro e vai contabilizar o aumento no preço do combustível, que representa 25% no cálculo elaborado pela Agereg (Agência Municipal de Regulação). Só o diesel terá impacto de R$ 0,57.
No entanto, conforme o Consórcio Guaicurus, o percentual pode ser maior ou menor, porque o cálculo considera outros fatores, como a volta do ISS, o reajuste no salário dos trabalhadores e o custo do grupo com empréstimos bancários para manter a frota rodando durante a pandemia da covid-19.