A Justiça decretou a prisão temporária do ex-prefeito de Maracaju, Maurílio Ferreira Azambuja, 73 anos, e do ex-secretário municipal de Fazenda, Lenilso Carvalho Antunes, ambos do MDB. Eles são acusados de criar uma conta bancária de fachada para desviar R$ 23 milhões nos últimos dois anos da Prefeitura Municipal de Maracaju. Mais cinco pessoas tiveram a prisão temporária decretada.
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É o maior escândalo de corrupção a abalar a política do município de 48 mil habitantes. Prefeito por três mandatos e primo do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Dr. Maurílio, como é conhecido, foi alvo da Operação Dark Money, deflagrada nesta quarta-feira (22) pelo DRACCO (Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado) com o apoio das delegacias de vários municípios.
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Os policiais foram às ruas de Maracaju, Corumbá, Ponta Porã, Campo Grande e Umuarama (PR) para cumprir sete mandados de prisão temporária e 26 de busca e apreensão. Além do ex-prefeito e do seu candidato a prefeito derrotado no ano passado, a Justiça decretou a prisão temporária da ex-secretária municipal de Administração, Daiana Cristina Kuhn, da ex-diretora do Departamento de Tesouraria, Iasmin Cristaldo Cardoso, do ex-assessor especial Fernando Martinelli Sartori, do empresário Pedro Everson Amaral Pinto e de Moisés Freitas Victor.
Em nota, a delegada Ana Cláudia Medina, informou que seis dos sete mandados de prisão foram cumpridos na manhã de hoje. O nome do único foragido até o momento não foi revelado.
De acordo com o LAB-LD (Laboratório de Lavagem de Dinheiro) do DRACCO, o alto escalão da prefeitura criou uma conta bancária de fachada para desviar dinheiro do município. Em apenas um ano, houve 150 repasses públicos para esta conta. Foram 600 lâminas de cheques usadas no período.
“A partir de negócios jurídicos dissimulados, integrantes do alto escalão da prefeitura emitiram mais de 600 lâminas de cheques, que totalizaram mais de 23 milhões de reais, a empresas, sem qualquer lastro jurídico para amparar os pagamentos”, informou o departamento.
“Muitas das empresas beneficiárias dos valores não mantinham relação jurídica com a prefeitura (licitação, contrato ou meio legal que amparasse a transação financeira). Além disso, não havia emissão de notas fiscais e os valores não eram submetidos a empenho de despesas, operações legais que devem ser observadas pelos entes públicos”, informou a Polícia Civil.
Além da prisão e dos mandados de busca, a Justiça autorizou o bloqueio de bens dos envolvidos no esquema milionário de corrupção. “A expressão Dark Money, atribuída à Operação do DRACCO, é uma alusão à natureza do dinheiro fruto da corrupção sistêmica que atinge setores públicos e perpetrada por seus gestores”, explicou a polícia.
Dr. Maurílio sucedeu Reinaldo na prefeitura em 2004 no PFL e obteve 9.290 votos. Ele não conseguiu ser reeleito em 2008. Em 2012, ele se candidatou novamente e derrotou o então prefeito, Celso Vargas (PTB), por 42,61% dos votos. Em 2016, ele obteve 14.321 votos (67,17%) e foi reeleito para o 3º mandato.
No ano passado, Dr. Maurílio lançou Lenilso Carvalho (MDB), mas ele ficou em 2º lugar, com 8.029 votos (37,75%), e perdeu para Marcos Calderan (PSDB), candidato apoiado pelo primo e agora adversário político, Reinaldo Azambuja.