O senador Nelsinho Trad (PSD) votou a favor da MP 1045, conhecida como minirreforma trabalhista, 48 horas após anunciar, em vídeo, que era contra o fim do pagamento de 13º, férias e FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) aos trabalhadores jovens de 18 a 29 anos. “Foi uma facada nas costas dos trabalhadores”, afirmou Vilson Gimenes, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em Mato Grosso do Sul.
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“O Nelsinho falou uma coisa e fez outra. Provou que não tem palavra”, lamentou Valter Gonçalves, presidente do Sindjor (Sindicato dos Jornalistas), que realizou a live com os senadores na segunda-feira (30).
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Além do ex-prefeito de Campo Grande, a senadora Soraya Thronicke (PSL) votou a favor da polêmica minirreforma. Apenas Simone Tebet (MDB) votou contra a MP de Jair Bolsonaro (sem partido). Por 47 votos a 27, o Senado sepultou a proposta na quarta-feira (1º).
O voto de Nelsinho surpreendeu os sindicatos e a CUT, que tinham feito propagando do vídeo encaminhado pelo senador assumindo o compromisso de votar contra a MP. De acordo com ele, o Ministério Público do Trabalho, a Defensoria e diversas entidades o procuraram alertando que as mudanças feitas na proposta na Câmara dos Deputados promoveriam mudanças na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) em caráter definitivo e feriam a Convenção 144 da Organização Internacional do Trabalho.
“Somos contrários a qualquer medida que precarize os direitos dos trabalhadores e possa ferir a Constituição da República”, prometeu Nelsinho na segunda-feira. Ele ainda disse que era contra as modificações na proposta.
“O senador Nelsinho mostrou que não tem palavra. Ele prometeu uma coisa e fez outra. Ele sai pequeno e provou que não está com o trabalhador”, avaliou Gonçalves. “O senador Nelsinho é mentiroso”, lamentou o presidente da CUT.
Gimenes anunciou que a entidade promoverá campanha para mostrar à população a conduta de Nelsinho. “Esse tipo de político não pode continuar no Senado. É um falso representante e não merece continuar sendo nosso representante”, criticou.
O Jacaré procurou o senador para saber o motivo da mudança de opinião em dois dias, já que se manifestou contra na segunda e votou a favor na quarta-feira, mas não houve retorno por meio da assessoria de imprensa até o momento.
Nelsinho não é o primeiro integrante da atual bancada federal que fala uma coisa e faz outra na prática. A deputada federal Rose Modesto (PSDB) se viu em maus lençóis ao aprovar o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões para 2022. Após a repercussão do voto, a parlamentar correu às redes sociais e até usou assessores para atacar jornalistas de que não era a favor do aumento no gasto de dinheiro público com campanha eleitoral em um momento que houve aumento da fome e do desemprego no Brasil.
A mesma postura foi adotada pelo deputado federal Dr. Luiz Ovando (PSL), que até distribuiu um vídeo em que Jair Bolsonaro (sem partido) diz que os parlamentares aprovaram a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).