A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (1º), a Operação Romeu Sierra Índia contra suposta organização criminosa que prometia investimento com rendimento de até 400%. A RSI Consultoria e Investimento é acusada de ter dado golpe, causando prejuízo, em aproximadamente 2 mil pessoas entre policiais, empresários, advogados e juízes. Em dois anos, o grupo movimentou R$ 60 milhões.
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O juiz Dalton Kita Conrado, da 5ª Vara Federal de Campo Grande, determinou o sequestro de R$ 40 milhões entre contas bancárias e bens imóveis dos integrantes da organização criminosa. Com a participação de 80 policiais, a operação cumpriu quatro mandados de prisão, sendo dois temporária e dois preventiva, e 19 mandados de busca e apreensão em oito cidades: Dourados, Ponta Porã, Amambai, Campo Grande, Porto Murtinho e Naviraí, em Mato Grosso do Sul, Franca (SP) e Maringá (PR).
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Conforme a assessoria da PF, “a organização criminosa era composta por 03 grandes núcleos: um integrado pelos sócios da empresa e pelos responsáveis pela aplicação dos valores no mercado de capitais, os quais se locupletaram da maior parte dos valores investidos pelos clientes; outro pelos corretores, responsáveis pela captação dos recursos dos investidores, para aplicação no mercado de valores mobiliários; e outro pelas ações de logística, já que a empresa, a fim de enganar os clientes, montou uma convincente estrutura que contava com página na internet, programas de gerenciamento de investimentos e um sofisticado manual do investidor.
No auge do funcionamento, a RSI chegou a contar com mais de dois mil clientes em todo o País. O Jacaré teve acesso a conversa com um cliente, no qual os empresários prometiam rentabilidade de 5% a 10% ao mês para o investimento com risco baixo. No caso de alto risco, conforme as mensagens, a corretora prometia lucro de 100% a 400%.
Uma policial militar perdeu R$ 120 mil investidos por meio da empresa e acabou obtendo na Justiça o bloqueio do dinheiro. Na ocasião, os advogados descobriram que o empresário tinha dado golpe semelhante em 2016 em dez pessoas na Bahia.
Em outro relato, feito em março do ano passado, uma advogada contou que perdeu em trono de R$ 20 mil ao ter a promessa de retorno vultoso. A Polícia Civil de Dourados abriu inquérito para investigar a denúncia. Na época, já figuravam policiais, advogados, empresários e juízes entre as vítimas dos golpistas.
“Com o aprofundamento das investigações, descobriu-se que pelas contas bancárias da empresa investigada em 02 anos circularam mais de 60 milhões (Sessenta milhões de reais). Parte dos quais, segundo os próprios investigados, foi remetida para Londres, no Reino Unido, após decisão da CVM de barrar as atividades da empresa, já que essa não possuía autorização do órgão regulador, para operar no mercado de capitais”, informou a FP.
A CVM aplicou multa de R$ 600 mil nos sócios pelo descumprimento reiterado da stop order. “A empresa investigada é alvo de dezenas de ações cíveis em todo o estado, nas quais os investidores lesados cobram na justiça a devolução dos valores aplicados e indenizações por danos morais e materiais”, destacou.
“O líder da ORCRIM também é investigado em outros estados da federação pela prática de crimes semelhantes. Uma parte considerável dos investidores lesados é composta por policiais de diversas instituições de segurança pública do estado”, confirmou a corporação.